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crônicas,universo da dança

Mamãe, eu quero ser bailarino!

Posted on 14 de março de 201428 de junho de 2015 by Claudia Richer
14
mar

– Eu que­ria con­ver­sar com você. Pode ser agora?

– Agora??????????? Não está vendo esta mon­ta­nha de papel? São con­tas. CONTAS. E cadê grana pra pagar tudo isso? Esse mês não vai dar!

– Tô falando sério, mãe. A gente pre­cisa con­ver­sar. E tem que ser agora.

– Quando são os seus assun­tos… é urgên­cia na certa! Não dá prá adiar, não é? E o que eu faço com as con­tas? O quê? Adio também?

– Mãe, me escuta, por favor.

(Pausa Dramática)

– Eu quero ser bailarino!

– (Acho que não ouvi direito) O que menino?????

– Quero ser bailarino!

– Como assim, bailarino?

– Bailarino, mãe!  Dançar…

(Mãe tam­bém tem audi­ção seletiva)

– Ah, dan­çar! Dança de salão, já sei. Aparece sem­pre na Dança dos famosos

– Não, mamãe, nada a ver. Eu quero ser BAI-LA-RI-NO!!!!!!!!!! Entendeu, agora????

– Bailarino???????

É, bai­la­rino. Que dança ballet!

– Ballet??????? Não pode ser! Dança moderna. Contemporânea.… tá na moda! Não tem até aquele grupo que escala paredes?

– Nãaaaaaaao, mãe eu quero ser bai­la­rino. Como o Biily Elliot do cinema.

– E você acha mesmo que eu sei quem é esse tal de Billy não sei das quan­tas? Seu amigo, por acaso?

–Billy Elliot, do cinema.

– E desde quando você tem amigo artista, menino! É demais pra mim, além de que­rer dan­çar, ainda tem amigo artista. Ninguém merece!

– Mãe, Billy Elliot é o nome de um filme. Sobre um rapaz que que­ria fazer bal­let como eu.

– Ballet?????? Você quer fazer ballet????

– É mãe, bal­let. Tô ten­tando te dizer isso há dez minu­tos. Mas você não ouve. Não quer ouvir. Quero fazer ball­let clás­sico! De sapa­ti­lha e malha!

– Sapatilha???????? Você vai usar SAPATILHA??????????

(As mães sem­pre pen­sam que toda sapa­ti­lha é de ponta)

– Você quer que eu dance como? De tênis?

– Não venha me dizer agora que você vai se fan­ta­siar de bailarino?

– Mãe, bai­la­rino não usa fan­ta­sia, usa figu­rino ou, — no máximo – uni­forme para fazer as aulas.

– E o que eu vou dizer para as minhas ami­gas? Para a família?

– A ver­dade, mãe. Simples!

_ Você enlou­que­ceu Carlos Henrique? Quem botou essa ideia na sua cabeça? Tanta coisa pra você esco­lher… lutas, vôlei, basquete!

– Mas quero ser bai­la­rino. Clássico. Dançar O lago dos cis­nes, Giselle, Dom Quixote! Ninguém me influ­en­ciou.… decidi sozinho

– Enlouqueceu mesmo. Ballet é só para meni­nas. Onde já se viu um homem deste tama­nho fazendo aulas de bal­let? Ridículo!!!!!!!

– Você já ouviu falar de Nureyev, Baryshnikov, Jorge Donn, Bejart, Marcelo Gomes? São bai­la­ri­nos. Os mai­o­res do mundo. O Marcelo, inclu­sive, pri­meiro bai­la­rino do American Ballet Theatre, é brasileiro.

– Nem pri­meiro, nem segundo. Você quer me matar de des­gosto? Um filho bai­la­rino era só o que fal­tava. O que os outros vão dizer?

– Não sei e nem estou inte­res­sado. Não devo satis­fa­ções a nin­guém! Quero fazer o que gosto, o que me dá pra­zer. O resto que se dane.

– O resto eu que aguente não é assim, Carlos Henrique? Sempre é! Bailarino clás­sico.… devo ter feito um jogo de pega vare­tas com las­cas da Cruz para ser cas­ti­gada deste jeito. Não conte comigo!!!!

– E nem quando eu for famoso você vai me assistir?

– Famoso? Você quer ser famoso? Além de dan­çar bal­let você quer que todo mundo saiba? Meu filho pense bem, tem tan­tas outras coi­sas para você esco­lher. Uma luta mar­cial, por exem­plo? Que tal! Tem mais a ver. E depois onde você vai apren­der bal­let menino?

– Numa aca­de­mia, mãe.

– Academia!!!!!!!!!!!!!!!! Aquelas salas lota­das de.…… moças e você lá rodo­pi­ando que nem.… ah, que des­graça!!!!!!!!!! Não pode ser ver­dade! Cadê meu Rivotril? Melhor a morte; só a morte vai me livrar de toda essa tris­teza, de tanta decepção.

– Mas eu pro­meto a você ser o melhor bai­la­rino do mundo! Prometo.

– Pode pro­me­ter o que qui­ser! Não adi­anta. Nem famoso, nem anô­nimo… não quero nem saber. NÃO QUERO TER UM FILHO BAILARINO, ENTENDEU????Tudo bem, vai dan­çar, tá ótimo!!!!!!! E vai viver como? De dança???? De bal­let??? Além de bai­la­rino, POBRE???? Isso é um pesadelo!

– Mãe.….

– E o senhor fique sabendo que daqui não sai naa­a­a­a­ada, abso­lu­ta­mente naa­a­a­a­ada para pagar essas aulas, ouviu bem?

– Já espe­rava por isso.. vou pagar com minha mesada.

– Ah, é??????? Então nem pense em me pedir mais dinheiro quando não tiver mais um centavo.

– Não vou pedir.….. mas, mãe, fala sério, isso é pre­con­ceito, puro pre­con­ceito. Estamos em 2014, não na Idade Media. Vai me des­cul­par mas todo pre­con­ceito é burro!

– Agora tam­bém está me cha­mando de burra, é isso mesmo?

– Não, mãe, não estou dizendo que você é burra.…. que­ria só enten­der as razões para tanta raiva de rapa­zes que dan­çam ballet?

– Não é raiva, Carlos Henrique, não tenho raiva de nin­guém. Só que não quero ter um filho bai­la­rino. Presta bem aten­ção, rapa­zes que dan­çam são todos meio “esqui­si­tos”. Você há de con­cor­dar comigo… não é possível!!

– Esquisitos??? Como??? Gays??? Não, mãe, são artis­tas, pes­soas sen­sí­veis que esco­lhe­ram a dança por­que gos­tam, por­que se rea­li­zam atra­vés dela. Da mesma forma que o nosso vizi­nho esco­lheu, medi­cina. É que esta droga de pre­con­ceito vem de tanto, mas de tanto tempo, que gru­dou na cabeça das pes­soas, para não sair nunca mais. Parece um vírus que se vai se espa­lhando e cor­rom­pendo o bom senso dos outros!

.….….…

Se você ainda não ouviu este diá­logo ou par­ti­ci­pou dele, com cer­teza conhece ou sabe de alguém que pro­ta­go­ni­zou – ainda que indi­re­ta­mente –essa cena. Até por­que o pre­con­ceito existe e não tem nada que possa disfarçá-lo. Do pre­con­ceito vem o sofri­mento, a cru­el­dade, os comen­tá­rios feri­nos, o bul­ling. Pessoas pre­con­cei­tu­o­sas são amar­gas, infe­li­zes, limi­ta­das. Em con­tra­par­tida sem­pre encon­tra­mos tam­bém (VIVA!!!!!) quem com­pre­enda, aceite e torça para que as aca­de­mias – assim como em várias par­tes do mundo – fiquem reple­tas de meni­nos nas tur­mas ini­ci­an­tes, inter­me­diá­rias, pre­pa­ra­tó­rias, adi­an­ta­das e que todos eles pos­sam ter car­rei­ras muito bem suce­di­das. O bal­let é uma pro­fis­são como todas as outras e não tem abso­lu­ta­mente nada a ver com opção sexual vista pela soci­e­dade como “poli­ti­ca­mente incorreta”.

Danilo Camassuti tem 24 anos, dança desde os 19, e sem­pre rece­beu o apoio dos pais. “Sou o artista da famí­lia. Todos me tra­tam com muito res­peito. São os pri­mei­ros a que­rer saber sobre minha car­reira. Infelizmente o Brasil ainda é um país pre­con­cei­tu­oso, repleto de pes­soas com cora­ção gelado e vazio. Graças a Deus recebi e recebo do apoio da minha famí­lia e dos ami­gos que me enchem de cari­nho ate hoje.”

“A dança me pegou desde cedo”, con­ti­nua. “Por trás do vidro eu via sal­tos, giros, pés esti­ca­dos. Um novo uni­verso se abriu quando tomei cora­gem e abri aquela porta. Entrei sem sapa­ti­lha, des­calço, bra­ços tor­tos, olhar assus­tado. Ali, entre­tanto, era o meu lugar. Quando a dança entra na sua vida ela passa a ser a sua res­pi­ra­ção. Você pre­cisa dela para voar, é como ele­tri­ci­dade. Sem ela você não acende.”

Carismático e muito talen­toso, Danilo e sua his­tó­ria estão bem mais pró­xi­mos do final feliz de Billy Elliot, do que do drama fami­liar vivido por Carlos Henrique. Que pos­sa­mos ter mais finais feli­zes como o dele e sem­pre menos pre­con­cei­tu­o­sos do que todos os outros.

Portanto, se seu filho qui­ser mesmo ser bai­la­rino, se esta for real­mente a voca­ção dele, se ele tiver talento e força para enfren­tar a “bata­lha” de lon­gas horas de estudo e ensaios que o futuro lhe reserva, e se – acima de tudo – nada for mais impor­tante do que dan­çar para deixá-lo feliz, ajude, incen­tive, deixe que o des­tino se cumpra.

A arte – sen­si­bi­li­zada – agradece.

Esse registro foi postado em crônicas,universo da dança. Adicione aos favoritos.
Claudia Richer

Jornalista, adora escrever e diz que, sem nenhuma modéstia, lidar com as palavras é sua especialidade. São muitos anos nessa profissão e a história toda, mas toda mesmo é longa demais para ser contada em um parágrafo. Já foi diretora de revistas femininas, correspondente internacional (Paris) e no momento trabalha em uma assessoria de comunicação. Também fez faculdade de teatro (que é o grande combustível de sua vida) e ama dançar. "Amo mesmo, paixão à primeira vista, ops... ao primeiro grand pliè, melhor dizendo" - diz ela.

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