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universo da dança

Renata Tubarão – nasce uma nova estrela

Posted on 22 de dezembro de 20141 de julho de 2015 by Claudia Richer
22
dez

“Não posso, tenho ensaio.”

A moça com uma mochila “estou­rando” de tão cheia pen­du­rada nas cos­tas, que entra apres­sada (e cami­nha de forma de forma incon­fun­dí­vel) pela entrada late­ral do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, cer­ta­mente já repe­tiu esta frase um milhão de vezes desde que — aos 11 anos — deci­diu ser bai­la­rina pro­fis­si­o­nal. Mas ela jura que não se arre­pende e que faria tudo de novo. Coisas de gente que – mesmo não sabendo desde cedo — nas­ceu para dançar.

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Atualmente Renata Tubarão tem 33 (jeito de 25 e assim mesmo com muita má von­tade), é linda como uma prin­cesa, tem um sor­riso ilu­mi­nado, um carisma ine­gá­vel e talento, muito talento. Tanto que logo assu­miu o posto de pri­meira solista do corpo de baile do tea­tro. Mas enganam-se os que pen­sam que esta­mos diante de um caso de amor antigo. “Fui me apai­xo­nando com o tempo. Meu encon­tro com o bal­let acon­te­ceu de repente, nunca foi um sonho de cri­ança. Na ver­dade eu que­ria ser pedi­a­tra, mas a vida aca­bou me levando nessa dire­ção e foi muito bom”.

Renatinha come­çou a fazer aulas de bal­let — segundo suas pró­prias pala­vras — “muito tarde”, na Escola de Dança Alice Arja. “Mas eu dan­çava jazz desde os 7 anos e lem­bro que ado­rava. Para falar a ver­dade, sem­pre gos­tei. E acho que isso tem muito a ver com o fato de ado­rar música. Posso come­çar o dia cheia de dor, mas se o pia­nista esti­ver ins­pi­rado, tudo passa. O efeito da música em mim é abso­lu­ta­mente arrebatador”.

E assim che­ga­mos aos pliès, rele­vés, cam­brés, grand-jetés, sison­nes e mui­tos outros pas­sos. São tan­tos que nem dá para fazer uma lista. Mas dá pra con­tar que quando a melhor amiga foi reno­var a matrí­cula numa aca­de­mia de bal­let, da con­versa entre as mães das duas moças nas­ceu uma grande ideia. E num pis­car de olhos, Renata já estava matri­cu­lada tam­bém. “Dai em diante foi tudo muito rápido, aulas de ponta, fes­ti­vais, con­cur­sos, exa­mes para o Royal Academy, até me pro­fis­si­o­na­li­zar pelo Ballet Dalal Achcar, ir para o Teatro Municipal e para o Zurich Ballet, onde tra­ba­lhei por um ano. Enfim, nunca mais parei. Por isso digo que o amor pela dança veio aos pou­cos, não dese­jei, não fui lá bus­car. Mesmo assim foi tudo tão intenso como se eu tivesse dese­jado muito”.

Fez prova para o Royal Academy, onde uma pro­fes­sora do pró­prio Royal Ballet (Londres) ava­li­ava as can­di­da­tas e depois dis­tri­buía cer­ti­fi­ca­dos com a gra­du­a­ção alcan­çada. “Não lem­bro bem por quan­tas pro­vas pas­sei, mas em duas delas recebi o Honors e o Higly Commended, o que é muito gra­ti­fi­cante. No mais foi meu período de pro­fis­si­o­na­li­za­ção mesmo, na Alice Arja e na Dalal”.

Renata con­fessa que sem­pre gos­tou da rotina pra lá de rígida, da vida de ensaios, de dedi­ca­ção inte­gral, de par­ti­ci­par de con­cur­sos. Depois de for­mada come­çou a tra­ba­lhar e a rece­ber pelo pró­prio tra­ba­lho. “Mas só no musi­cal Branca de Neve, de Dalal Achcar. Quando a tem­po­rada aca­bou não tinha mais nada em vista. Na minha cabeça era um absurdo ter 18 anos e ainda pre­ci­sar pedir dinheiro a meu pai para fazer aulas de bal­let. Eu achava que já deve­ria estar tra­ba­lhando e sendo remu­ne­rada por isso. Ganhando meu pró­prio salá­rio. Afinal estava for­mada! E não que­ria dar aulas, que­ria dan­çar! Foi quando – con­tra­ri­ando tudo — come­cei um cur­si­nho pré-vestibular.”

O des­tino, entre­tanto, tra­tou de dar um “sacode” nes­tes pla­nos e resol­veu encaminhá-la de novo para o bal­let (ben­dita deci­são) e mesmo diante de todas as adver­si­da­des nunca desa­ni­mou. A tran­si­ção para a vida pro­fis­si­o­nal não foi lá muito sim­ples. “Naquela época não tive mui­tas opções. Eu não que­ria outro tipo de dança, nem dar aula em aca­de­mia, que­ria dan­çar, então me senti limi­tada. Em junho de 1999, fiz uma audi­ção – junto com mui­tos outros can­di­da­tos — para tra­ba­lhar como con­tra­tada nas tem­po­ra­das do Corpo de Baile. A pri­meira vez em que as sapa­ti­lhas de ponta de Renata pisa­ram no palco sagrado do Municipal foi para dan­çar uma das cam­po­ne­sas em Coppélia. (vol­tou recen­te­mente no mesmo bal­let, só que desta vez como pro­ta­go­nista.) Em 2002, pas­sou por outra audi­ção, desta vez para ser efe­ti­vada. “E ainda sem foco dei­xei mais uma vez que a vida me levasse”.

E como vida de bai­la­rina pode até ser gla­mu­rosa, mas de sim­ples não tem nada, em 2013, Renata pre­ci­sou se afas­tar para pas­sar por um pro­ce­di­mento cirúr­gico que cor­ri­gi­ria a lesão no ace­tá­bulo (estru­tura óssea exis­tente no qua­dril que se arti­cula com a cabeça do fêmur) sofrida há alguns anos e que aca­bou por retirá-la de cir­cu­la­ção. O momento foi muito difí­cil e deli­cado “por­que me vi obri­gada a lidar com a ideia de fini­tude. Isso é um cho­que para alguém que só sabe fazer aquilo e que se dedi­cou inte­gral­mente durante uma vida inteira para con­se­guir fazer bem feito. É um para­doxo… o que te faz melhor como bai­la­rina, tam­bém é o que pode te levar ao final da linha. Um bai­la­rino nunca pensa no fim, pelo menos não na minha idade. A lesão me colo­cou diante desse con­fronto. Outro aspecto ruim foi o medo de não con­se­guir vol­tar a ser o que eu era, de não dan­çar como antes. Mas como sem­pre busco o que existe de posi­tivo numa adver­si­dade, aca­bei encontrando.”

Em outu­bro de 2013, final­mente, ela vol­tou ao Municipal como a Ninfa em L’après midi d’un faune, na remon­ta­gem de Tatiana Leskova, para a core­o­gra­fia de Vaslav Nijinsky com música de Claude Debussy. Um super-sucesso. A par­tir daí, reco­me­çava tam­bém a rotina de aulas e ensaios inter­mi­ná­veis. “Fora de tem­po­rada tra­ba­lho de segunda à sexta, das 10 às 16h. Tenho aula de 10 às 11h15 todos os dias, e a par­tir das 11h45 come­çam os ensaios que só ter­mi­nam às 16h. De noite faço facul­dade, tenho uma Shih tzu que é como um filho e me dá um mega tra­ba­lho para comer, faço ses­sões de fisi­o­te­ra­pia, aca­de­mia, uma cor­re­ria só. Quando estou dan­çando mesmo, minha vida se volta intei­ra­mente para o bal­let, dou um tempo com tudo e foco nos espe­tá­cu­los, prin­ci­pal­mente depois da lesão”.

Segundo ela não existe prova para um bai­la­rino ascen­der na car­reira den­tro do Teatro. A nome­a­ção é sub­je­tiva, se não for mera­mente rela­ci­o­nal. “Acredito que em deter­mi­nada época tenha sido por mérito, ou até mesmo pelo tempo em que o bai­la­rino desem­pe­nhara na fun­ção acima da que ele ocu­pava naquele momento. Falando da minha expe­ri­ên­cia, entre­tanto, ao longo des­ses nove anos, vi que os papéis repre­sen­ta­dos ou a qua­li­dade téc­nica e artís­tica empre­ga­das não são tão fun­da­men­tais assim. É pre­ciso, não me per­gunte como, trans­cen­der a esfera do tra­ba­lho. Eu entrei no Corpo de Baile em Junho de 1999, algum tempo depois come­cei a ser esca­lada para solos e em 2005 fui esco­lhida para inter­pre­tar Aurora, em A Bela Adormecida, minha estreia em pri­mei­ros papéis. Na mai­o­ria das vezes as nome­a­ções acom­pa­nham esse cres­ci­mento do bai­la­rino. São for­mas de reco­nhe­cer o seu tra­ba­lho. No meu caso, o único reco­nhe­ci­mento que tive até hoje nesse sen­tido foi do meu público, e sin­ce­ra­mente, depois de ter vivido tudo que vivi para mim não há termô­me­tro melhor.”

Uma artista cons­ci­ente e conec­tada com o seu tempo, Renata Tubarão cer­ta­mente dedica a maior parte do dia ao bal­let. Mas em nenhum momento esquece que existe um mundo em volta, está sem­pre pronta a defen­der uma causa, indignar-se diante de uma injus­tiça e levan­tar a pró­pria voz, quando se faz neces­sá­rio A ati­vi­dade que exerce, por exem­plo, está sem­pre em pauta. E ela faz ques­tão de afir­mar que ainda esta­mos muito longe de ver um bai­la­rino rece­bendo o reco­nhe­ci­mento mere­cido. “Nossa pro­fis­são engloba duas dimen­sões: a atlé­tica e a artís­tica. Mas é tudo tão belo no bal­let que a parte atlé­tica fica esque­cida e com isso per­de­mos muito em direi­tos, por exem­plo. O ins­tru­mento de tra­ba­lho do bai­la­rino é o corpo que deve estar pro­te­gido, asse­gu­rado, assim como o do atleta. Ambos come­çam e ter­mi­nam cedo. Muitos ficam pelo cami­nho por conta de lesões. O bai­la­rino, entre­tanto, não tem nem um terço dos direi­tos que os atle­tas já con­quis­ta­ram. A classe tem culpa nisso na medida em que se man­tém dis­tante de tais dis­cus­sões, tal­vez por­que o lado artista fale mais alto. A men­ta­li­dade polí­tica como um todo deve­ria mudar. Nosso país é muito carente de valo­res sóli­dos, e a arte tem um papel extre­ma­mente rele­vante na trans­for­ma­ção da soci­e­dade. A arte é o ali­mento da alma, ela mexe com as pes­soas, nos faz refle­tir cri­ti­ca­mente. É pre­ciso que haja mais inves­ti­mento, polí­ti­cas sérias, e que abranja todos os níveis soci­ais, cri­an­ças e jovens. É pre­ciso dar a arte o valor que ela merece e valo­ri­zar ainda mais os seus artistas.”

Depois de L’après midi d’un faune, veio La Balaydère e uma Nikia esplen­do­rosa e linda que voava com deli­ca­deza e téc­nica apu­rada pelo palco do Municipal. E a menina (sim, ela parece uma menina) que sonha em dan­çar Gisele e Les Shylphides, tem Mikhail Baryshnikov, Aurélie Dupont, Polina Semionova e Diana Vishneva como ídolos, acre­dita que a prin­cí­pio, a idade ideal para come­çar seja por volta dos sete anos. Mas isso tam­bém depende por­que ela come­çou tarde e mesmo assim con­se­guiu cons­truir uma car­reira pro­fis­si­o­nal. “Entendo que seja uma ati­vi­dade que demanda muito da pes­soa e, por­tanto, o quanto antes come­çar, melhor. Mas essa está longe de ser uma regra. Além disso, é essen­cial que se goste muito de bal­let. Importante tam­bém é ter sem­pre a si mesmo como refe­rên­cia. Isso sig­ni­fica que se você tiver que com­pe­tir, que o faça com você mesmo. Queira sem­pre ser melhor do que é, esqueça o outro. A ver­da­deira arte vem de den­tro. Apesar de o bal­let ser uma pro­fis­são ingrata, o que vive­mos no decor­rer da car­reira é tão enri­que­ce­dor e intenso que pode­mos até nos dar ao luxo de não ficar pre­o­cu­pa­dos por ter­mi­nar tão cedo. Outra coisa super impor­tante: estu­dar. É essen­cial ter uma segunda opção quando esco­lhe­mos o bal­let como car­reira. Sei que é difí­cil con­ci­liar as duas coi­sas, mas uma dica bacana é fazer algo que tam­bém seja prazeroso.”

“Devemos ser a mudança que que­re­mos ver no mundo”. A frase de Gandhi é aquela que está sem­pre no cora­ção de Renata Tubarão. Uma pes­soa rara, uma menina que é um ver­da­deiro pre­sente para o bal­let, para o público, para quem tem o pri­vi­lé­gio de conhecê-la mais de perto; e que se define com uma sin­ce­ri­dade des­con­cer­tante. “Vivo nos extre­mos (sou capaz de sor­rir cho­rando), adoro apren­der com a minha vida, detesto metas, impo­si­ções, tudo que é muito padro­ni­zado me inco­moda, aliás, até me faz ir na con­tra­mão do que é ditado. Prefiro ser livre… ter mais amo­res do que coi­sas, por­que amo demais, sou sen­sí­vel demais e não me entre­ga­ria de peito aberto a nada que não valesse a pena.”

Foto: Sheila Guimarães

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Claudia Richer

Jornalista, adora escrever e diz que, sem nenhuma modéstia, lidar com as palavras é sua especialidade. São muitos anos nessa profissão e a história toda, mas toda mesmo é longa demais para ser contada em um parágrafo. Já foi diretora de revistas femininas, correspondente internacional (Paris) e no momento trabalha em uma assessoria de comunicação. Também fez faculdade de teatro (que é o grande combustível de sua vida) e ama dançar. "Amo mesmo, paixão à primeira vista, ops... ao primeiro grand pliè, melhor dizendo" - diz ela.

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