Olá!
Muito feliz por estar aqui neste espaço! Novos espaços para a dança são sempre bem-vindos! Meu nome é Heloisa Almeida, mais conhecida pelo apelido Helô, e estarei por aqui mensalmente escrevendo sobre uma grande paixão: o ballet. Neste mês, vou apenas me apresentar e dividir com vocês um pouco da minha história. A partir das próximas publicações, vou tratar de temas mais relacionados ao meu foco atual de trabalho e estudo, que é o trabalho do corpo sob uma visão anatômica, fisiológica e cinesiológica da dança.
A minha relação da dança, e em especial o ballet, vem desde o comecinho da minha vida. Lembro que, aos cinco anos de idade, eu já descia correndo da minha aula no Colégio Notre Dame em Ipanema para a escola de ballet que a professora Shirley O. Lins tinha na escola e lá ficava sonhando com o dia que ia poder fazer as aulas. Como era muito magra, meu pai exigiu que eu engordasse dois quilos para poder frequentar as aulas. Depois de um ano de “esforços árduos”, atingi o peso mínimo para a minha idade e lá fui eu, feliz para aquela que seria a atividade mais importante na minha vida. Um ano depois, mudei com a minha família para Brasília. Lá, entrei na escola de ballet da professora Lúcia Toller, onde passei dez deliciosos anos, me formei pela Royal Academy of London e comecei a trabalhar como professora. Em 1982, voltei ao Rio de Janeiro e trabalhei por oito meses no Theatro Municipal.
No ano de 1983, entrei para o Ballet Teatro Guaíra, sob a direção de Carlos Trincheiras e Isabel Santa Rosa. Permaneci em Curitiba por maravilhosos quinze anos, os quais foram preciosos para o meu desenvolvimento como bailarina e onde pude dividir o palco com grandes colegas de profissão, que se mantém até hoje como amigos que trago no coração. Em 1992, eu estava em ótima forma física e trabalhando já para a primeira temporada do ano que seria o bailado Dom Quixote, quando sofri uma queda e fiz uma ruptura parcial do ligamento cruzado anterior. A partir daí, fui alternando momentos que eu podia dançar com outros, difíceis, em que isso não era possível. Aproveitei, então, o convite da direção e passei a dar algumas aulas para os estagiários do BTG. Três cirurgias e muita fisioterapia depois, pedi demissão da minha querida companhia de dança e voltei para Brasília.
Na capital federal, aproveitei para continuar ensinando. Além de aulas para jovens com objetivos profissionalizantes, comecei um curso para adultos iniciantes na escola Claude Debussy, da querida Kátia Najdeja, onde fui muito bem acolhida e feliz. Nesse período também trabalhei com a Basirah Companhia de Dança de Gisele Rodrigues e Yara de Cunto. Foram momentos enriquecedores. Gisele Rodrigues me convidou para dar aulas também de ballet no curso de dança da Faculdade Dulcina de Moraes. Nessa etapa, decidi que era a hora de voltar a estudar e escolhi o curso de Fisioterapia da Universidade Católica de Brasília. Queria entender melhor o que havia acontecido comigo e poder, então no futuro, ajudar os colegas de profissão. Durante todos os anos do curso, procurei associar os novos conhecimentos ao ballet, tarefa difícil, pois a dança é pouco estudada nessa área do saber acadêmico e os professores quase nunca tinham as respostas que eu buscava. Em geral, a opinião dos especialistas que trabalham com o sistema locomotor é a de que o ballet lesiona bastante e muitos aconselham apenas parar. Ora, qualquer atividade física de alto rendimento pode lesionar, porque então os médicos não sugerem aos meninos pararem de jogar futebol?
Terminei o curso em 2003 e, no ano seguinte voltei à cidade maravilhosa para trabalhar como professora e ensaiadora da DeAnima Cia de Dança, de Roberto de Oliveira e Richard Cragun. Pude então começar efetivamente a trabalhar conciliando os conhecimentos das minhas duas áreas de formação: ballet e fisioterapia. Assim, passei a poder ajudar os bailarinos a conhecer melhor seus corpos e minimizar as lesões inerentes ao trabalho de alto rendimento. Ainda como professora de bailarinos profissionais, também pude colaborar com a excelente Companhia de Ballet de Niterói e a impecável São Paulo Companhia de Dança. Após me desligar da DeAnima Cia de Dança, voltei a dar aulas para adultos iniciantes e busquei uma especialização em Anatomia Humana.
Hoje, posso contribuir mais ainda com o universo maravilhoso que é o da dança e me sinto muito grata por isso. Dou aulas de ballet para adultos no Lyceu Escola de Danças e sou professora de ballet e Cinesiologia no curso de Dança da antiga Universidade da Cidade, agora Universidade Gama Filho. Atualmente, o tema que permeia meus trabalhos, meus pensamentos, é o de que o ballet pode ser aprendido por todos que desejarem. Os que escolhem a dança como profissão podem minimizar os impactos inerentes à atividade em seus corpos e dançar muito, por muitos anos.
Neste espaço pretendo dividir um pouco dos meus questionamentos, das minhas idéias, e refletir com todos que quiserem sobre assuntos referentes ao corpo do bailarino-dançarino, seu trabalho, as novas tecnologias, novos estudos. Enfim colaborar para mais um espaço de troca neste nosso tão especial universo que é o da dança.
Obrigada Lu e Carol pelo convite,
Beijos a todos e até o próximo mês,
Helô