O balé clássico: delicado, suave, leve e sinuoso. A cidade: rígida, cinza, pesada e cheia de retas. O que o balé e a cidade têm em comum? Aparentemente, nada.
Entretanto, a união entre o balé clássico e as cidades produz belas imagens com alto nível estético, que atrai olhares e encanta pessoas por todo o mundo. Através desta percepção, três fotógrafos distintos dialogam por meio de seus portfólios, ricos em belas fotografias de bailarinas exercendo a dança clássica em cenários cosmopolitas. São eles VihaoPham, Little Shao e DaneShitagi.
VihaoPham, fotógrafo de 32 anos, naturalizado em Virginia (EUA) , desde o começo de sua carreira fotografa bailarinas. Se especializou em fotografias de balé clássico e decidiu inovar seu portfolio tirando o balé das salas de aula e dos teatros para lugares público, ao ar livre. Começou a fotografar bailarinas, tanto em movimento quanto em poses tradicionais de balé, em ruas e elementos da cidade, como cabine telefônica e faixa de pedestres; lugares tipicamente urbanos como supermercados; além de jardins e bosques. O resultado, como era de se esperar, ficou lindo de ver!
Se no caminho profissional de Pham, foi o mundo do balé que o recebeu desde o início de sua carreira, para o fotógrafo parisiense Little Shao, a dança de rua foi a modalidade que o acolheu em seus primeiros passos. Crescido em meio a cultura urbana, todo seu trabalho apresenta características da mesma. Tanto é que em seu portfolio é possível encontrar o ensaio Street Ballet, em que registra a beleza e elegância do balé clássico nas ruas de Paris, mesclando a cultura clássica com a de rua.
É possível encontrar desde fotos de bailarinas contrapondo-se à monumental Torre Eifel, até registros que enfatizam o contraste do balé e a cultura urbana através de um pé calçado com uma sapatilha e outro com uma sandália de salto alto. Um show de fotografias!
Conterrâneo de Pham, porém com trabalho mais próximo de Shao, o fotógrafo havaiano Dane Shitagi já fez trabalhos de moda, ensaios artísticos de paisagens e de cidades, mas sua fama veio mesmo com o projeto Ballerina Project que consiste em nada mais, nada menos, que (adivinhem!) fotos de bailarinas no cenário urbano e movimentado de Nova York.
Apesar do Ballerina ter ganhado repercussão somente de 2009 para cá, devido ao uso do Facebook para divulgação, o mesmo já estava sendo feito e maturado 12 anos antes. Neste projeto, comparado aos demais trabalhos apresentados acima, vejo que as bailarinas interagem mais com o meio em que estão, apresentando o balé como elemento inerente ao contexto urbano e não destoante, mesmo que ainda contrastante. Uma verdadeira fusão, bela e contemporânea, da leveza da dança clássica com a modernidade dos prédios e das ruas concretas de NY. O resultado? Mais de 800 mil likes na fanpage!
O balé não é só belo quando visto em movimento. Suas formas estáticas encantam tanto quanto em velocidade. Tantas curvas em meio a uma selva de pedras nos mostra a grande beleza presente no contraste, na união dos opostos. Esses ensaios fotográficos nos comprovam como várias mensagens podem (co)existir em uma única fotografia e quantas sensações, bem como reflexões, podem ser provocadas através da mesma.
Deleitem-se com as fotos e até a próxima!
Por Tainá Corongiu – publicitária, baiana, ex-bailarina e eterna apaixonada pela dança.