Esses dias uma aluna nova, adulta, que nunca fez ballet antes, entrou nas aulas e duas coisas me chamaram a atenção e me fizeram vir escrever esse post.
A primeira observação é a facilidade que ela teve em entender os movimentos, as posições, a colocação do corpo de uma maneira geral, seguindo o ritmo. E a segunda observação, é dessa que vou falar aqui: é a cara de medo dela!
Primeiro foi assistir a primeira aula, sem fazer, só olhar. Quando terminamos a aula eu perguntei se ela gostou e ela respondeu que sim mas que estava assustada. A turma está um pouco adiantada em relação a ela que é iniciante, mas por questões de horário e estrutura e nessa turma que ela teria que voltar e voltou! Eba! Ela ter voltado foi a primeira vitória do ballet.
Então ela está frequentando as aulas, mas com aquele olho esbugalhado, uma tensão que transparece em cada gesto. A questão é, medo de que? Não há o que temer! Primeiro porque, no ballet, assim como em qualquer situação que a gente possa estar com medo ou vergonha, aquilo é tão íntimo e as pessoas ao nosso redor não estão nem aí pra nada disso. Ninguém está nos julgando ou cobrando, além de nós mesmos.
Além disso, todo mundo ali naquela turma já passou por isso. As primeiras aulas, os primeiros passos, as primeiras dores e as descobertas. Todos sabem ou imaginam como está se sentindo em seus primeiros dias de aula.
Comece sem medo! Entregue-se!
Não ache que você não vai conseguir, que as coisas são intangíveis, pois não são.
Basta querer, prestar atenção, repetir, repetir, repetir, perguntar que vai sair!
Texto publicado originalmente no blog Mundo Bailarinístico