Bach, Bhrams e Schulbert. Grand Jeté, Balancé e Pas de Deux. Nomes atípicos, que parecem ter sido escritos com excesso de consoantes ou vogais e que tem uma pronúncia ligeiramente estranha. Eu chegando Adulto no Ballet.
Pernalonga, Pica-Pau e Patolino. Mickey, Tom e Jerry. Nomes mais familiares, sem muitas particularidades na escrita e que tem uma memória de pronúncia ligeiramente engraçada. Eu criança assistindo televisão.
Perseguições ao som de orquestras, grandes façanhas guiadas pela melodia do piano, personagens que se movem como parte de uma coreografia. Animais falantes, castelos encantados (ou assombrados), príncipe, sapo, princesa e até um cisne que achava que era um pato feio. Parecem histórias de Ballet, mas são desenhos animados.
Não, eu não frequentei aulas de Baby Class. Não fiz pulos com a mão na cintura, não aprendi as posições clássicas dos pés em cima de um coração, não ganhei adesivos e nem cantarolei músicas clássicas com “plim, plins”. Mas eu assisti desenhos animados.
Passos de valsa, giros e piruetas, pas de deux, grandes saltos e grandes compositores. Tudo estava lá e eu não enxerguei, mas assisti. Foi através da tela da televisão. Com gatos, ratos, coelho e pato; que eu, e talvez muita gente, conheci sobre dança e música clássicas pela primeira vez.
Olhava no relógio, esperando o horário marcado para ligar uma tela e começar a dançar na frente dela. Sorria, fazia careta, errava, acertava, e não parava de dançar até a transmissão acabar. Parece “eu criança assistindo televisão”, mas sou “eu adulto chegando no ballet online”.