Olá,
Depois de algum tempo afastada e continuando a minha série sobre o trabalho na barra, nesta postagem o objetivo é falar um pouco sobre o exercício do battement fondu.
Os battements fondus são os exercícios que visam o amortecimento e a impulsão dos membros inferiores pertinentes à técnica do balé clássico. Difere-se do plié por ser executado por um apoio. Portanto, é um exercício de extrema importância para o bailarino, visto que essas ações são imprescindíveis para a dança clássica e qualquer outra dança. Para a mestra Agrippina Vaganova, segundo Alexander Chujoy[1] esse exercício é um dos mais complicados, pois enquanto a perna da base faz o plié, a outra faz o battement. Por essa complexidade, a execução desse movimento deve ser precisa e bem cuidada.
Quando ensino esse movimento explico que o objetivo é a coordenação entre o movimento das duas pernas que serão de grande valia nos saltos. O uso coordenado dos movimentos de braços e da cabeça com o movimento dos membros inferiores será um diferencial, pois vai ajudar na impulsão para os saltos. Essa coordenação será imprescindível ao bailarino quando ele for para movimentos mais complexos.
Com relação às questões biomecânicas, assim que possível, utilizo a altura de 45º na elevação da coxa e apenas a perna faz o movimento de flexão e extensão. A coxa se mantém na mesma altura e esse trabalho de isolamento da coxa é um grande aprendizado para o aluno. Separar as partes é uma das características mais significativas da técnica do ballet clássico e essa consciência corporal, esse controle é de extrema utilidade para o bailarino. Quanto mais ele se conhece e se domina, mais ferramentas ele terá para usar em sua dança.
Outra observação que faço sempre é a de que o exercício do battement fondu deve ser contínuo para que o aluno possa entender como deve usar a musculatura tanto na impulsão quanto na aterrisagem de um salto ou descida da ponta ou meia-ponta. O trabalho da musculatura da panturrilha (plantiflexores) e da coxa (extensores da perna ou quadríceps), utilizando uma força concêntrica na impulsão e excêntrica na aterrisagem, vai dar ao bailarino força, leveza e refinamento. Depois de dominado o movimento, outras associações são feitas com os braços, com os tempos de execução e com a altura das pernas. O importante é perceber que o aluno tem controle e consciência do movimento.
As informações de sempre, como a pelve que se mantém neutra, os rotadores externos ativados, plantiflexão[2] dos pés com eversão[3], manutenção dos músculos abdominais para a postura correta do bailarino, estão mantidas em todos os exercícios.
Na próxima postagem, pretendo continuar falando sobre os exercícios da barra e seguir com os battements frappés.
Bjs, Helô
[1] VAGANOVA, Agrippina. Basic principles of classical ballet: russian ballet technique Tradução de Anatole Chujoy. New York: Dover Publications, 1969.
[2] Também chamado de flexão plantar, ponta de pé ou pé esticado.
[3] Combinação de pronação com a abdução do antepé. (KENDALL, McCREARY, PROVANCE, 1995, p. 22)
Foto: Rockettes