Olá,
Nesta postagem vou fugir um pouco do meu habitual e falar um pouco da representação dos gestos do balé que buscamos em sala de aula.
O balé clássico nasceu e se desenvolveu nas cortes europeias e foi, durante muito tempo, usado como forma de treinamento próprio da elite. Nobreza, disciplina, aparência física impecável e comportamento social elegante simbolizavam condições de desenvolvimento físico e social que serviam de modelo para a corte. O balé, pela sua origem aristocrática, impregnou nos corpos dos seus representantes, os bailarinos, um gestual de corte, resultado do treinamento a que são submetidos.
Nas aulas de balé, quando nós professores pedimos mais suavidade, mais leveza, nada mais é do que um pouco desse gestual. Costumo dizer aos meus alunos que para fazer balé, você tem que querer ter um pouco dessa nobreza, dessa elegância que permeia nosso imaginário. Não precisamos nos imaginar em um castelo, mas devemos estar imbuídos desse ritual aristocrático. A beleza e a estética do balé encanta muita gente e acredito que os adultos que o procuram como atividade física têm essa expectativa também.
O trabalho físico do balé é extenuante, sobretudo no que se refere aos membros inferiores, que devem ser fortes e elásticos. Da cintura para baixo, o bom bailarino precisa ter uma força imensa para realizar saltos, giros e grandes elevações. Já o tronco precisa ser (ou ao menos parecer) flexível. Mas, é na cintura escapular, nos membros superiores, na cabeça e no pescoço que deve ser transmitida a suavidade e a delicadeza.Os ombros e a cabeça devem estar em ligeira extensão, o osso esterno levemente projetado para frente resultando em um ar de nobreza. No gestual dos membros superiores as posições precisam ser muito claras com movimentos sutis e controlados, como se estivesse sempre em belas poses. As mãos devem acompanhar a linha do antebraço e têm uma importância primordial. Afinal, as mãos falam… Acredito que os grandes bailarinos conseguem realizar esta proeza.
Aproveitando o tema, pois estou muito tocada com a apresentação da belíssima Yulia Lipnitskaya, patinadora russa que está encantando com sua patinação “recheada” de movimentos de balé nas Olímpiadas de Inverno de 2014 em Sochi,deixo uma imagem do que quero dizer. Na foto da pequena menina, de apenas quinze anos, vemos um enorme esforço dos membros inferiores, mas o braço esquerdo está muito bem colocado e a mão esquerda sem tensão. Perfeito! São os russos, mais uma vez nos fascinando…
Não posso deixar de crer que o sucesso da patinadora possa também ser creditado à ajuda da técnica da dança clássica. Fico muito feliz em perceber que o trabalho do balé, pode ajudar a construir corpos mais belos, harmônicos e contribuir com outras modalidades de dança e de alguns esportes.