Quantos instantes de perfeição técnica e artística já foram eternizados pelas lentes de grandes fotógrafos.
A fotografia “guarda” estes instantes e permite que sejam “revisitados” e, de certa forma revividos, de acordo com a nossa vontade.
Marcelo Gomes e PolinaSemionova em Symphony #9 de Alexei Ratmansky – American Ballet Theatre . Foto: Gene Schiavone
A fotografia carrega o indício do movimento: a partir do instante retratado é possível imaginar o movimento todo, se uma perna está no alto, ele deverá descer, se um bailarino foi levantado, ele deverá voltar ao chão, se estiver saltando é certo que ele vai pousar…
Angel Corella in David Parsons’ Caught. Photo: Rosalie O’Connor. © Copyright 2013 – Ballet Theatre Foundation, Inc. – All rights reserved.
Desta forma, mesmo estática, a fotografia carrega uma espécie de “potencial” do movimento, e traz em si a ideia da dinâmica, do ritmo, da alternância entre o repouso e o deslocamento.
Tanto é assim, que a foto “posada”, produzida em estúdio, dificilmente carrega a mesma intensidade emocional das imagens captadas em cena, durante apresentações ou ensaios.
Apesar das melhores condições de iluminação, a foto de estúdio é sempre mais fria, mais distante e menos convincente.
Muito diferente das fotos tiradas no teatro, nas condições reais (ou quase) de iluminação, as quais revelam-se, por sua autenticidade, muito mais comoventes, persuasivas e dramáticas.
Julie Kent and Angel Corella in Christopher Wheeldon’s VIII. Photo: Marty Sohl. © Copyright 2013 – Ballet Theatre Foundation, Inc.
Nem mesmo a possível perda de nitidez, em função da somatória do movimento e das condições “não ideais” de iluminação, faz delas um registro menos admirável.
Alessandra Ferri and Jose Manuel Carreño in Sir Kenneth MacMillan’s Romeo and Juliet. Photo: Gene Schiavone © Copyright 2013 – Ballet Theatre Foundation, Inc.
A tecnologia digital, empregada por profissionais competentes e talentosos, tem assegurado belos registros, mesmo em condições menos favoráveis, durante as apresentações.
Antes dela, no entanto, houve fotógrafos excepcionais que driblaram as dificuldades da tecnologia analógica, com seus delicados ajustes manuais e produziram usando filme (negativo ou cromo), revelando e ampliando em papel, registros valiosos e tão expressivos que conquistaram merecidamente o status de arte.
MathaSwope foi um exemplo de profissional da “era analógica”; que teve o trabalho reconhecido e reverenciado pelo público, pela imprensa especializada e pela crítica. Um nome que permanece, até hoje, como referência na fotografia de dança.
Mikhail Baryshnikov rehearsing Le JeuneHomme et la Mort with Roland Petit and Bonnie Mathis. – Photograph by Martha Swope
Ex bailarina, Martha foi uma das primeiras grandes fotógrafas especializadas em dança e teve o privilégio de registrar a era de ouro do balle clássico nos Estados Unidos: GelseyKirkland, Rudolf Nureyev, Natalia Makarova,Cinthia Gregory, Fernando Bujones, Mikhail Baryshnikov, Alessandra Ferri, JulioBocca e muitos outros foram registrados por suas lentes.
Em outubro de 2012, a fotógrafa expôs seu trabalho numa grande mostra na Biblioteca pública de artes cênicas de Nova Iorque.
Abaixo, uma parte do catálogo desta exposição.
O catálogo completo está disponível para visualização neste link, no site da biblioteca.
O vídeo abaixo, conta mais um pouco sobre a exposição e sobre a trajetória profissional de Martha.
Os grandes nomes de hoje:
Atualmente, Gene Schiavone, Rosalie O’Connor, Mira e Marc Haegemannão nomes constantemente vistos nos créditos das mais belas fotos de dança, captadas no mundo todo.
Gene Schiavone, Rosalie O’Connor e Mira tem galerias dentro do site do American Ballet Theatre.
Marc Haegeman tem um site chamado “For Ballet LoversOnly“, onde expõe diversas galerias com fotos belíssimas.
Fora dos Padrões:
Indo totalmente na contramão da busca por nitidez e fidelidade de representação, Mikhail Baryshnikov tem se dedicado à fotografia, seguindo uma linha bem experimental, registrando os trabalhos de MerceCunninghamde forma nada convencional.
As fotos resultaram numa exposição intitulada “Merce My Way” composta, em sua maioria, por fotos “riscadas”, que mais se assemelham à pinturas digitais.
Neste link, o bailarino detalha, num vídeo produzido pelo “The New York Times”, seus objetivos e as técnicas que empregou para a realização das fotos.
Mikhail Baryshnikov e as fotos que fez dos bailarinos da companhia de Merce Cunningham. Foto: Judith Levitt para o The New York Times