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história da dança

Série Grandes Nomes – DENNIS GRAY

Posted on 17 de novembro de 20141 de julho de 2015 by Claudia Richer
17
nov

A falta que ele nos faz!

dennis

Em um dis­tante 20 de junho, na não menos dis­tante Araçatuba, cidade do inte­rior de São Paulo, nas­cia o menino Nelson, filho de Herculano Theodoro Rodrigues, fazen­deiro, enge­nheiro, dono de car­tó­rio e polí­tico, e de Irma Ridolphi Rodrigues, pren­dada dona de casa. Como todas as cri­an­ças que mora­vam dis­tan­tes dos gran­des cen­tros urba­nos, Nelson cres­ceu cer­cado de muito verde, subindo em árvo­res, “apron­tando todas” na escola, fre­quen­tando aulas de cate­cismo e de nata­ção que sim­ples­mente ado­rava e que aca­bou lhe dando a meda­lha de cam­peão de salto de tram­po­lim no melhor clube local.

Por ser o único filho homem da famí­lia, teve pro­fis­são desig­nada pelo pai mesmo antes de nas­cer: seria enge­nheiro! (Pois sim! Só se fosse enge­nheiro de sonhos, como de fato acon­te­ceu.) Bastou o Circo Dorami che­gar a Araçatuba para dei­xar Nelson, 13 anos na época, abso­lu­ta­mente fas­ci­nado. E fas­ci­nado pela bai­la­rina com seus pas­sos deli­ca­dos e ges­tos que pare­ciam sair de uma cai­xi­nha de música.

Até aquele momento nunca tinha ouvido falar em bal­let, mas a ami­zade com o palhaço do Dorami deu a ele a opor­tu­ni­dade de fazer parte daquele mundo encan­tado. Foi apren­diz de tra­pe­zista, dava cam­ba­lho­tas na cama elás­tica, enfim, fazia um pouco de tudo.

Em dezem­bro de 1943, par­tiu para São Paulo e nunca mais vol­tou. A garan­tia da ali­men­ta­ção e do trans­porte vinha de um modesto emprego como con­tí­nuo do jor­nal Diários Associados. As sua­das eco­no­mias ele guar­dava para assis­tir tea­tro, ópera, ballet.

No Teatro Municipal de São Paulo conhe­ceu Joaquim Alvez Lima, que lhe falou sobre Maria Olenewa e o incen­ti­vou a estu­dar dança com a grande pro­fes­sora russa, fun­da­dora da Escola e do Corpo de Baile do Municipal do Rio de Janeiro. Por um “acaso” do des­tino, naquele momento ela tra­ba­lhava na capi­tal pau­lista. E em de março de 1944, depois da pri­meira aula com Olenewa, “alguém” puxou os cor­dões e fez a magia acon­te­cer. A par­tir desse momento, Nelson desa­pa­re­ce­ria para se trans­for­mar defi­ni­ti­va­mente em Dennis Gray, nome, aliás, suge­rido pela pró­pria professora.

Flexível ao extremo, ágil demais e dono de uma força de von­tade imba­tí­vel, o novo aluno não pas­sou des­per­ce­bido aos olhos da mes­tra. Depois de muito suor e muito sacri­fí­cio para exe­cu­tar pliès, ten­dus e bat­te­ments ganhou uma figu­ra­ção em Paganini, com a Companhia de Colonel de Basil. Em seguida, pas­sou a fazer parte do corpo de baile do Municipal pau­lis­tano, dan­çando as óperas Rigoleto, Carmen e Thaís.

Em julho de 1945, acom­pa­nhado de seu grande amigo Johnny Franklin, desem­bar­cou no Rio de Janeiro e logo se matri­cu­lou na Escola de Dança do Teatro Municipal. No mesmo ano apresentou-se pela pri­meira vez, dan­çando um dos fau­nos de Bacanal, da ópera Tannhauser, de Wagner. Em 1949, o mes­tre e coreó­grafo tcheco Vaslav Veltchek, que diri­gia a Escola de Dança e o Ballet do Municipal, nomeou Dennis Gray o pri­meiro dan­seur de caractère da com­pa­nhia (um dan­seur de caractère recebe for­ma­ção téc­nica idên­tica a de um danseur-noble. Mas isso não quer dizer que um tenha mais valor que outro. O bai­la­rino de cará­ter deve ser tam­bém um ator ver­sá­til, um mímico pro­fun­da­mente expres­sivo, ter extrema agi­li­dade e domi­nar as dan­ças fol­cló­ri­cas, talen­tos que Dennis Gray tinha de sobra). No mesmo ano, foi pre­mi­ado como Bailarino-Revelação de 1949 pela Associação Brasileira de Críticos Teatrais. Entre os anos de 1950 e 1960 o Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro viveu um de seus mai­o­res momen­tos sob a dire­ção de Tatiana Leskova que orga­ni­zava duas tem­po­ra­das por ano. Sempre muito exi­gente com as core­o­gra­fias e a pos­tura dos bai­la­ri­nos, insis­tia que Dennis Gray lem­brasse sem­pre da grande mes­tra, Maria Olenewa. Sua pas­sa­gem pelo Municipal fez com que o reper­tó­rio da com­pa­nhia enri­que­cesse demais, com obras tra­di­ci­o­nais e outras core­o­gra­fa­das por ela mesma. Leskova valo­ri­zava muito bai­la­ri­nos como Dennis Gray, esfor­ça­dos e sem­pre bus­cando o melhor. Tal pos­tura ren­deu a ele papeis de des­ta­que em todas as tem­po­ra­das, e tam­bém o incen­tivo para se tor­nar coreógrafo.

Ao longo da car­reira, o menino de Araçatuba pas­sou a cole­ci­o­nar prê­mios, tais como Medalha de Ouro como melhor bai­la­rino de tem­po­rada (1951); Medalha Carlos Gomes (1965); Troféu Nijinsky (1968); Medalha de Melhor Coreógrafo Brasileiro (1979); Prêmio Golfinho de Ouro (1985) e Prêmio de Bailarino-Revelação, entre mui­tos outros.

Aliando a calma e a exi­gên­cia de per­fei­ção de um vete­rano, com o ner­vo­sismo e emo­ção de um estre­ante, ele se con­sa­grou como bai­la­rino e coreó­grafo, dei­xando um rico legado para a dança no Brasil e mui­tas lem­bran­ças nos cora­ções dos alu­nos que sem­pre segui­ram seus ensi­na­men­tos. Dennis Gray tornou-se um artista com­pleto. Sempre estu­di­oso e esfor­çado, tudo no tea­tro des­per­tava seu inte­resse. Fez mímica, inter­pre­ta­ção, ceno­gra­fia, música, mas bal­let sem­pre foi a pri­o­ri­dade abso­luta, ser­vindo de lição e exem­plo de dedi­ca­ção para todos.

Para Manoel Francisco, bai­la­rino, maî­tre do Ballet do Theatro Municipal e um dos her­dei­ros do pri­vi­lé­gio de inter­pre­tar Dr. Coppelius, “o per­so­na­gem talismã” de toda a car­reira de Dennis, segundo as pala­vras do pró­prio mes­tre. “Ele foi um dos gran­des exem­plos que tive, um artista ímpar, per­so­na­lís­simo, um ator em cena, além de grande bai­la­rino. Nossa vivên­cia no Theatro Municipal do Rio foi como mes­tre e apren­diz, sem­pre com uma grande dose de gene­ro­si­dade. Cresci artis­ti­ca­mente obser­vando, apren­dendo com as lições do mes­tre. Suas inter­pre­ta­ções de Sancho Pança em Don Quixote, Madame Simone em La Fille mal Gardée são anto­ló­gi­cas. Fui ensai­ado por ele pra inter­pre­tar Madame Simone, cer­ta­mente um dos pon­tos altos de minha car­reira. A opor­tu­ni­dade que esse papel dá ao artista é mag­ní­fica, e Dennis, com sabe­do­ria e extrema boa von­tade me deu ori­en­ta­ção, rumo, con­se­lhos. E foi espe­ta­cu­lar sen­tir a rea­ção da pla­teia a cada tra­pa­lhada de minha viúva Simone. Além do cari­nho e ami­zade que nos uniu sem­pre, o que mais me encan­tava e hip­no­ti­zava em Dennis era sua inter­pre­ta­ção de Dr. Coppelius em Coppélia. Com abso­luta cer­teza um dos mai­o­res do mundo, ele foi lou­vado, aplau­dido, incen­sado por esse que foi o maior papel de sua vida! E qual não foi minha sur­presa quando agora em 2014 ganhei a opor­tu­ni­dade de ser eu o Dr. Coppelius na tem­po­rada de Coppélia no Theatro Municipal. Dividi a cena nesse bal­let com Dennis inú­me­ras vezes, assis­tindo a majes­tosa inter­pre­ta­ção do velho fabri­cante de bone­cos. O que me ser­viu agora de ins­pi­ra­ção pra home­na­gear meu mes­tre que­rido, que lá do céu deve ter ficado feliz com seu amigo e dis­cí­pulo aqui. Minha inten­ção foi home­na­gear esse grande nome que além de amigo foi meu mes­tre; devo muito às mag­ní­fi­cas his­tó­rias e epi­só­dios de sua vida que ele divi­dia com gene­ro­si­dade. Por essas e por outras é que me sinto feliz e rea­li­zado de poder per­pe­tuar o nome de Dennis Gray, um dos gran­des artis­tas do cená­rio bra­si­leiro! Meu mes­tre e meu amigo pra sempre!”

Quanto a mim (autora deste post que vocês estão lendo), bem.… nunca fui aluna dele – nunca tive talento para ir tão longe – mas con­vi­ve­mos bas­tante quando ele assu­miu a dire­ção artís­tica da Academia Johnny Franklin depois da morte do “pro­fes­sor”. Confesso, entre­tanto, que não resisti e “filei” algu­mas bar­ras (cen­tro, nunca!!!!!!!) devi­da­mente anco­rada na expe­ri­ên­cia das minhas que­ri­das Camile Salles e Beth Tinoco. Entre as duas, se batesse uma crise de pânico, tinha de quem “colar”. Saía lite­ral­mente aos peda­ços, mas feliz da vida. Acontece que Dennis Gray sabia tanto, mas tanto, e con­se­guia trans­mi­tir todos os seus conhe­ci­men­tos com tanta maes­tria que até quando sen­tava no can­ti­nho da sala sem­pre con­se­guia apren­der alguma coisa.

Fazia o gênero zan­gado, muito zan­gado, bravo mesmo, impa­ci­ente, exi­gente e às vezes me pare­cia meio “tra­vado” quando insis­tia em abraçá-lo. Mas eu fin­gia que não estava vendo e abra­çava assim mesmo. O com­por­ta­mento era o mesmo em momen­tos de mui­tos elo­gios. Não gos­tava, gos­tando muito. Uma pes­soa fas­ci­nante, sem dúvida alguma.

Além do ines­que­cí­vel Dr. Coppelius (perdi a conta de quan­tas vezes tive o enorme pra­zer de assisti-lo neste papel), outro que me mar­cou para sem­pre foi o da viúva Simone, em La fille mal gardèe. Quem viu cer­ta­mente não esque­cerá jamais. Como jamais esque­cerá Dennis Gray!

Em 2005, aos 81 anos, ele se foi para sem­pre, cer­cado de mui­tas home­na­gens de artis­tas do Rio de Janeiro e de todos os seus cole­gas no Theatro Municipal.

Para sem­pre????

Tenho minhas dúvidas.

Pessoas como Dennis Gray não mor­rem, ficam encantadas.

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Claudia Richer

Jornalista, adora escrever e diz que, sem nenhuma modéstia, lidar com as palavras é sua especialidade. São muitos anos nessa profissão e a história toda, mas toda mesmo é longa demais para ser contada em um parágrafo. Já foi diretora de revistas femininas, correspondente internacional (Paris) e no momento trabalha em uma assessoria de comunicação. Também fez faculdade de teatro (que é o grande combustível de sua vida) e ama dançar. "Amo mesmo, paixão à primeira vista, ops... ao primeiro grand pliè, melhor dizendo" - diz ela.

Quando dançam os corações apaixonados
Sapatilha de ponta

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