Bodas de prata para a criatividade coletiva na dança do Grupo 1º Ato, de Belo Horizonte! Um dos grupos de maior representatividade no cenário da dança nacional está completando 30 anos.
O Grupo 1º Ato Surgiu na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, no início de 1982. Tendo Suely Machado na sua direção desde o início, o sentido da criação do grupo veio da conversa e reflexão de algumas bailarinas sobre as suas diferenças, e do sentimento de busca por um coletivo criativo, com heterogeneidade estética na criação, nos estilos e no visual.
“Os assuntos contemporâneos são o alimento artístico do Primeiro Ato por isso, desde o seu nascimento, se preocupa com a construção de um intérprete capaz de abrigar, no seu corpo, a mistura da dramaticidade com a leveza, do bom humor com a reflexão, da interpretação e da criação. As misturas da dança com artes afins (teatro, canto, mímica)”.
Helena Katz
“Entre os grupos de dança brasileiros, o 1º Ato sempre foi um dos mais heterogêneos no que se refere às formas dos corpos de seus bailarinos. Raramente um dos integrantes do 1º Ato tem “cara de bailarino”- sempre houve lá os que são mais magros, mais gordos, mais angulosos, menos angulosos do que a representação que construímos dos artistas da dança na nossa mente. Bendita Contradição”.
Marcelo Castilho Avelar
Para celebrar os seus 30 anos, o grupo estreou nesse fim de semana (5/10) em Belo Horizonte “Pó de Nuvens”, um novo espetáculo inspirado nos Universos de dois célebres mineiros: João Guimarães Rosa (escritor de “O Grande Sertão: Veredas”) e Milton Nascimento. O conceito amplo de mineiridade foi explorado pela coreógrafa paulista Denise Namura, e pelo seu marido, o coreógrafo alemão Michael Bugdahn, diretores a 25 anos da Cie. À Fleur de Peau, sediada em Paris.
Com o nome inspirado na canção de Milton Nascimento: “Nuvem Cigana”, e em situações do universo roseano — “Entre eles, percebo o mistério, o humor, o aprofundamento das emoções, a capacidade de invenção e um comovente ensimesmamento”, como disse a diretora Suely Machado em entrevista ao jornal “O Tempo”, de 05/10/2012.
A coreógrafa Denise Namura explicou, na mesma entrevista, sobre a elaboração dos figurinos em conjunto com o artista Marco Paulo Rolla: “As cores presentes no espetáculo, por exemplo, vêm de uma fotografia que tirei em Bichinhos. São cores da terra que, em cena, combinam-se ao azul do céu”.
Com 15 espetáculos em seu repertório, o grupo já passou por temas filosóficos, como “O homem e suas possibilidades” do espetáculo “Adorno” (2011), a padronização da estética na contemporaneidade: “Geraldas e Avencas” (1997). Já passou pelas ruas misturando a mímica, o teatro e o circo em “Quebra-Cabeça”, de 1989. Os heróis de quadrinhos também foram lembrados no espetáculo ”Isso aqui não é Gothan City”, de 1992. E claro, grandes escritores brasileiros ganharam uma homenagem ao estilo “Primeiro Ato”: “Beijo nos olhos… na alma… e na carne” (1999), inspirado na vida e obra de Nelson Rodrigues. “Sem Lugar”, uma homenagem ao poeta Carlos Drummond de Andrade, e agora o seu 16º espetáculo: “Pó de Nuvens” onde o grupo se aprofunda mais uma vez na dramaturgia, através de Guimarães Rosa.
Segunda em pé, da esquerda para a direita: Suely Machado.
Foto divulgação do espetáculo “Pó de Nuvens”/ Mariela Guimarães.
Conheça um pouco mais sobre o grupo na página oficial.