Quando se pensa em ballet no Brasil, logo nomes de destaque vem em mente. Dentre eles, um não pode ser esquecido em hipótese alguma, pois representou e ainda marca presença no cenário clássico brasileiro: A renomada Ana Botafogo é um ícone do ballet clássico. Com toda a sua leveza, técnica, amor, ela encanta os amantes da dança.
Em entrevista com a estimada Ana Botafogo, alguns relatos de sua vida e perspectivas futuras foram registradas e serão contadas aqui.
Ao perguntá-la como se sentia em ser essa figura inspiradora a muitos bailarinos, a sua resposta foi que tal fato lhe deixa muito feliz, porém resta a ela muita responsabilidade. Mas, a sua carreira sempre foi pautada em uma verdade: mostrar o seu amor pela dança e conseguir levar o ballet para o maior número de pessoas. Desta maneira fica na expectativa de ter sido um bom exemplo para os jovens bailarinos.
Depois de serem completados 36 anos de carreira ininterrupta, todos querem continuar vendo a Ana nos palcos. Perguntamos à nossa entrevistada sobre uma futura despedida e a resposta é de certa forma positiva para nós espectadores. Ainda não houve um adeus, o que aconteceu até o momento foi sua despedida dos grandes ballets. A escolha do repertório foi “Tatiana” do ballet “Onegin”. Este é um personagem forte, não só de técnica, mas de expressividade, então o escolheu para ser o marco da sua despedida dos grandes ballets.
Isso significa que haverá a possibilidade de vê-la nos palcos novamente. Inclusive a sua agenda já está preenchida com espetáculos até abril de 2013. Ana Botafogo afirma que se dependesse dela dançaria por todo o Brasil, porque muitas pessoas ainda não tiveram a oportunidade de vê-la dançar, algumas apenas ouviram falar sobre ela, do seu trabalho e mesmo assim a consideram um exemplo.
Muitos não têm a possibilidade de lidar diretamente com a arte, mas, há um tempo, aos domingos todo o Brasil tem a oportunidade de conhecer e admirar um pouco da dança. Para Ana, a idéia do quadro “Dança dos Famosos” foi fantástica, pois trouxe uma maior visibilidade à dança. Essa está sendo a oportunidade de milhões de brasileiros discutirem e apreciarem essa arte.
Esse fato nos remete a aparição da entrevistada na novela “Páginas da Vida”, onde interpretou a personagem de uma professora de ballet. Aquele momento foi inesquecível para ela, algo que nunca tinha vivenciado antes. Tudo foi muito diferente e ao mesmo tempo um grande aprendizado: saber se posicionar para a câmera, os ângulos, a impostação de voz, o uso do microfone.
Quando perguntamos se gostaria de voltar para as “telinhas” a resposta foi positiva, assim como para uma atuação nos palcos, mas desta vez como atriz, porém em longo prazo. Para isso seria necessária muita preparação, é algo que necessita muito tempo de dedicação, até por ser novo, ela não está acostumada com esses tipos de arte.
Ao traçar essas perspectivas de atuação nas artes lembramo-nos da atuação de Ana Botafogo na avenida. Em 1991 ela foi convidada para desfilar na passarela do samba pela primeira vez. Seu primeiro pensamento foi “Como uma bailarina vai para o samba?” A resposta para essa pergunta ficou esclarecida quando soube que a sua atuação seria em cima de um carro alegórico que representava o Restaurante “Assirius”, do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Este se localiza abaixo do palco, logo Ana representaria a bailarina daquele palco, daquele Theatro.
– Foi uma experiência fantástica, em uma época em que não íamos à avenida para fazer ensaio técnico. Era a surpresa da entrada na avenida com todas suas emoções em uma única vez. A repercussão foi alta, marcou a figura clássica em uma dança popular.
No ano seguinte, muitas escolas a convidaram para desfilar novamente, porém nenhuma delas mostrou-lhe um bom motivo para fazê-lo. Ela só desfila na ponta dos pés e de bailarina se o enredo assim o pede . Ela desfilou mais duas vezes até o seu último, o qual marcou a sua despedida da avenida.
– Eu considerei um fechamento bonito, eu representando o carro do ballet “O Lago dos Cisnes”, onde foi feita uma homenagem aos 100 anos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Não muito distante do samba perguntamos sobre a sua relação com Carlinhos de Jesus, que hoje é considerado por ela um grande amigo. Juntos montaram um espetáculo que seguiu em turnê por muitos anos. Infelizmente não estão mais tempo juntos, pois a agenda de ambos é muito cheia.
– Não pensamos sobre outro espetáculo, pois este deu tão certo! A montagem leva muito tempo, o Carlinhos viaja bastante, faz muitos espetáculos. Mas caso tenha outro, terá que ser antes da minha despedida.
Só em pensar nesse futuro adeus que Ana Botafogo dará dos palcos, uma aflição transborda no coração dos seus fãs. Mas como para tudo na vida é necessário esperança, ainda poderemos ver uma luz no fim do túnel. O teatro já esteve em seus planos, porém requer uma técnica e conhecimento que ela ainda não possui. Dessa forma, assim que suas atividades diminuírem, Ana pretende retomar suas aulas de teatro.
– Uma vez a Marília Pêra me chamou para fazer uma peça de teatro que acabou não dando certo porque ela estava muito ocupada e eu dançando muito. Temos idéia de fazer algo juntas: ela dançando, eu talvez falando, ainda dançando também. Não será somente teatro. Acho que eu tenho que fazer uma passagem sutil, delicada, e também posso utilizar um pouco o meu lado bailarina.
Da mesma forma pode ser que haja a possibilidade de vermos a Ana de volta à televisão.
– Estou me preparando devagar, mas estou me preparando. Gostei muito da experiência. É interessante, difícil, mas preciso voltar ao aprendizado. Para fazer teatro eu tenho que ter muito tempo e essa vida de bailarina não me proporciona isso: faço aula, ensaio, pilates, fisioterapia. Permaneço muito envolvida com o meu treinamento físico e para ir para o teatro ou TV teria que ter uma grande preparação.
Ainda no teatro, Ana Botafogo coreografou Mariana Terra, atriz que encenou um monólogo “Nise da Silveira” Senhora das Imagens “. Estreiaram no Rio , ficarampor 6 meses em São Paulo e agora neste final de ano voltam à capital Paulista, porém, segundo pedidos do diretor, com a Ana não apenas como coreógrafa, mas sim, dançando e contracenado em algumas cenas com Mariana Terra .
Finalizando a nossa entrevista, perguntamos qual era a sua opinião sobre o blog da Loja Ana Botafogo.
– É fundamental. O blog veio trazer informações pra aqueles que são da dança ou não, dessa forma, é para todos. Tem a ver com dança, bem estar, corpo. Eu vejo todas as atualizações e estou ciente do que comentam. Sempre que possível eu visito o blog.
Por: Ingrid Simpson