O balé clássico é ensinado no mundo inteiro seguindo os princípios estabelecidos desde a criação da Academia Real de Dança, fundada por Luís XIV no ano de 1661. No decorrer de sua história, desde sua criação à sua chegada na Rússia, o balé passou por diversas modificações e inovações que favoreceram à sua técnica e estética que mantiveram sua tradição (FERREIRA; 2015).
O que se denomina escola russa, foi moldado ao longo de gerações. Mestres como Le Picq, Diderot, Perrot, Saint-Léon, Christian Johansson, Marius Petipa, Enrico Cecchetti e russos como Lev Ivanov, estabeleceram uma tradição pedagógica que, em 1934, foi ampliada por Agrippina Vaganova (PORTINARI, 1989). Todo o investimento dos czares e mestres que trabalharam na Rússia colaboraram para que a bailarina russa, formada pela Escola do Teatro Imperial, pudesse desenvolver uma nova metodologia de ensino da técnica do balé clássico.
Segundo Caminada (1999), Vaganova recebeu aprovação e o conhecimento internacional de dança, como o mais perfeito método de ensino, um dos fatores incontestáveis da excelência do bailarino russo e da qualidade de performance da companhia apontada como a mais perfeita dentro do balé de estilo acadêmico: o Balé Kirov. Vaganova trouxe fluidez e expressividade à técnica, coordenando todas as partes do corpo trazendo um sincronismo e harmonia ao conjunto. Ensinava aos alunos a aperfeiçoar os passos enquanto dançavam, dessa forma eliminava a tradicional distinção entre a técnica e a arte (HOMANS; 2012, p. 396). Após a Revolução Russa (1917), Agripina Vaganova desenvolveu o que se tornou conhecido como Método Vaganova. Baseada no trabalho de vários professores da Escola Coreográfica de Leningrado, criou o livro “Os Princípios Básicos do Ballet Clássico”, que desenvolveu uma pedagogia de busca do aprendizado de forma lenta e gradual, onde cada grau tem seus exercícios característicos, buscando preservar o aluno de lesões, enfatizando a consciência corporal (VAGANOVA; 2013).
Atualmente percebe-se uma busca significativa das aulas de balé clássico na fase adulta. Foi percebido que de modo geral, essas pessoas buscam nessa prática mais que simplesmente um exercitar, possuem objetivos mais fluidos e perenes do que os mais jovens (ALENCASTRO; PINTO, 2014). Diante dessa realidade, é necessário pensar cada vez mais em como conciliar a tradição do ensino da técnica do balé clássico com uma metodologia que atinja os objetivos necessário de forma consciente, sem ultrapassar os limites individuais de cada aluno.
*Licenciada em Dança pela Universidade Candido Mendes.
Bibliografia:
ALENCASTRO, Itiberê Gross; PINTO, Aline da Silva. Sensações e motivações: o Ballet Clássico como prática corporal na idade adulta. Seminário Nacional de Arte e Educação 24 (2014): P-421.
BOURCIER, Paul. História da dança no ocidente. Trad. Marina Appenzeller. – 2 ed. – São Paulo: Martins Fontes, 2001.
CAMINADA, Eliana. Considerações sobre o método Vaganova. In: PEREIRA, Roberto; SOTER, Silvia (Orgs). Lições de dança 1. Rio de Janeiro: UniverCidade Ed., 2006.
FERREIRA, Rousejanny da Silva. Balé sob outros eixos: contextos e investigações do coreógrafo norte-americano Willian Forsythe (1949) entre 1984 e 1994. (2015).
HOMANS, Jennifer. Os anjos de Apolo : uma história do ballet. Portugal: Edições 70, 2012.
MISI, Mirella. Paradoxo da pós-modernidade na dança: reflexões sobre o corpo e o espaçotempo no produto coreográfico. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal da Bahia, Salvador. 2004.
PORTINARI, Maribel. História da dança. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.
VAGANOVA, A. I. Fundamentos da dança clássica.Tradução: Ana Silva e Silvério. Editora Prismas (2013).
VAGANOVA, Agrippina. Princípios básicos do ballet clássico. Editora: EDIOURO (RJ) (1991).