Aprender balé não é fácil. São anos de estudo do corpo e da técnica da dança clássica. E, no momento do aprendizado, passamos a conhecer diferentes escolas de ensino: russa, francesa, inglesa, italiana, cubana, dinamarquesa, americana. Mas, qual seguir?
Bem, não é fácil escolher. Todas possuem benefícios, mas, no fundo, o que define a seleção por aquela que é melhor para você é a adaptação do seu corpo a ela.
A escola russa (Vaganova) foi a primeira a observar a necessidade de um “roteiro” de aprendizado. A partir do século XX, ela se tornou base e influência para outras escolas. O fundamento do ensino é a formação do bailarino por meio da memória muscular: a repetição (gradativamente crescente) e o entendimento de cada composição dos passos, desde as primeiras fases de aprendizado, definirão a boa execução e a resistência do bailarino.
Já na escola francesa, é possível ver que o foco está no movimento longilíneo. Então, trabalha-se para alcançar o en dehor perfeito e o alongamento e a extensão dos músculos e das articulações. Não é à toa que Sylvie Guillem é um dos grandes nomes do balé francês (com suas pernas compridas e super alongadas). Esses requisitos são base para a expressão do movimento.
A escola inglesa (Royal Academy) tem como pontos fortes a utilização dos braços como base de força. É nítida a importância que se dá para o uso correto do braço na execução de cada movimento, tornando-se aliado nos equilíbrios, sustentações, giros e saltos. A física do corpo no espaço é trabalhada como parceira da dança.
O ensino italiano foca na agilidade. Não se pensa em cada fase do movimento, mas no conjunto. E, diante disso, a rapidez demonstrará a vivacidade do bailarino, valorizando os saltos e as baterias. Por isso ouvimos até hoje certos saltos “do tipo italiano”. Realmente ficaram marcados nessa metodologia.
A escola cubana é a rainha dos giros. Uma das mais modernas, ela utiliza o que há de melhor no corpo do bailarino latino: a capacidade de realizar piruetas e saltos.
O balé dinamarquês mistura muito as escolas francesa e italiana. Tem grande destaque para o homem e trabalha, intensamente, as baterias, grandes saltos e trabalhos de pés.
Por fim, a escola americana (Balanchine) desconstrõe a precisão e a exatidão dos movimentos clássicos. O que importa é a liberdade expressa na dança, sem a rigidez mais exigida nas demais escolas. Assim, os bailarinos são trabalhados na execução mais natural dos movimentos, sem decompô-los extensivamente. O interessante de Balanchine é o trabalho do balé de acordo com a individualidade anatômica do bailarino.
É muita possibilidade de ensino, não?! E com tanta variedade, por que só ficar preso a um? Por que não misturar o que é bom em cada estilo no seu corpo? O que funciona para um bailarino pode não funcionar para você e o importante é testar e descobrir o que é funcional ao seu tipo físico e à sua personalidade. Assim, a dança será mais fácil e mais fluida em você. Experimente aos poucos e conheça o que dá mais certo.
Dançar é usar o corpo a seu favor para se expressar. As escolas formam a base, mas jamais precisam ser únicas ou excludentes entre si. O mix pode ser muito proveitoso e enriquecedor. Tente!