Durante as últimas noites fiquei rascunhando várias ideias do que escrever para esse blog. Muitos assuntos invadiram minha mente, cheguei até a desenvolver alguns, mas por achar que os textos acabaram ficando “pesados” para esse nosso primeiro contato, preferi por hora deixá-los de lado e começar a trabalhar em um novo.
Há pouco, conversando no Skype com Daney Bentin (pedagoga de ballet clássico da escola que coordeno, minha aluna e amiga), ela me clareou a visão com um tema que adorei.
Assim como na escola de ensino regular é fundamental ter uma boa alfabetização, para o bailarino é essencial seguir uma metodologia estruturada, seja ela a metodologia sistematizada por Alicia Alonso, Bournonville, Cecchetti, Balanchine ou Vaganova. Cada método tem características bem particulares, como posições de braços, cabeças, dinâmicas de passos, decomposição e execução deles. Nos métodos acima citados, uma coisa é clara — o objetivo — e o de cada um deles é formar bailarinos e torná-los os melhores que eles puderem ser!
Em nossos encontros aqui nesse blog encantador, pretendo falar sobre metodologia de ballet, mais precisamente a metodologia russa de ensino. Por vezes até irei mencionar outras metodologias, mas nosso assunto principal será o método criado por Agripina Vaganova.
Na metodologia sistematizada e codificada por Vaganova, a decomposição dos passos nas classes iniciantes não é apenas uma marca. Respeitar a decomposição dos passos, sem pular etapas, é uma regra a ser seguida.
Todo passo deve ter o início do seu estudo no chão. Deitados ou sentados sobre o solo, os alunos irão aprender cada passo, entender a sua dinâmica, a posição correta para colocar o tronco e adquirir uma boa memória muscular.
Na barra, o início do estudo deverá ser na 1ª fase (com o corpo de frente para a barra e com as duas mãos sobre ela), quando os alunos aprenderão cada passo na forma decomposta.
O cambrée ou souplesse para frente e para trás devem ser ensinados desde os primeiros anos. É deles que virá o bom trabalho de alongamento e fortalecimento do abdômen e das costas, com isso melhorando o arabesque e a elevação da perna na frente. A falta de flexibilidade compromete a força. Deve-se trabalhar a flexibilidade antes da força. Por esse motivo, as aulas de chão visam a manutenção e/ou o aumento da flexibilidade.
É muito importante a utilização de exercícios preparatórios (ex: flexionar os pés e depois esticá-los, sempre passando por meia ponta), que acionam a musculatura para a execução dos passos.
O acréscimo gradativo do número de repetições de um mesmo passo tem por objetivo desenvolver a resistência muscular.
O professor deve insistir para que o alinhamento do corpo seja mantido durante os exercícios.
Os joelhos devem estar na direção dos dedos dos pés, o quadril na linha dos tornozelos, os ombros na linha do quadril, a cabeça e a nuca na posição correta e o pescoço alongado.
É necessário cuidado especial com o foco da visão. Os alunos devem fixar o olhar num ponto, cada vez que a cabeça muda de posição.
O aluno deve adquirir uma base técnica forte desde os primeiros anos de estudo.
A dança clássica é um poderoso complemento da educação formal, utilizando e desenvolvendo os movimentos naturais das crianças. O professor deve empregar os três elementos básicos do movimento — espaço, tempo e dinâmica — ajudando assim a criança a adquirir domínio sobre seus movimentos (equilíbrio, força e coordenação geral), através de técnicas adequadas a cada idade e nível.
Por fim, vale lembrar que a respiração é extremamente importante, tanto do ponto de vista físico quanto do emocional.
Por: Fabio Matheus é pós-Graduado em Repertório Clássico e Metodologia de Ensino na Kennedy (EUA). Graduou-se em Ballet Clássico na San Francisco Ballet School. Desde 2006 faz parte do juri e pedagogos do IBC Varna (Bulgaria).