O que torna o universo das artes, em nosso caso da dança, tão diferente dos demais universos profissionais é o fato de quê nos formamos em um processo longo e que se inicia no estilo amador.
A questão central é que o amadurecimento pessoal durante esse processo, que normalmente dura muitos anos e passa por diversas fases da vida, é mais profundo e tem características boas e ruins.
Qual a responsabilidade que temos, como pais e professores, nesse intrínseco processo?
Embora claramente não haja uma resposta única ou completa para tão complexa questão, alguns questionamentos devem ser feitos. O filósofo Immanuel Kant afirma que “O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele.” instigando-nos a refletir que tipo de educação é dada pela dança e qual a responsabilidade de cada profissional e pai.
Ao pensarmos que é papel “da escola” ou “da dança” dar as condições necessárias para uma boa educação, acabamos por nos isentar da responsabilidade que temos nesse processo. Abordaremos nesse post três das questões mais comuns sobre esse universo.
Apoio da família
Temos a questão do apoio da família quando uma criança decide optar pela dança ou quando ocorre o oposto: é vontade dos pais, porém a criança não tem interesse nenhum pelo campo. Nesse caso, a questão central é o respeito. Pais devem compreender que a criança será melhor estimulada e terá lembranças mais significativas se houver alegria e felicidade. E para aqueles que acreditam que é necessário começar muito cedo para que haja possibilidade em uma carreira de artes, fica aqui nossa experiência que diz que isso não é necessariamente verdadeiro.
O peso
Sempre polêmica, a questão do peso na dança, principalmente para crianças nos preocupa pelas sequelas físicas e emocionais que podem ficar por anos, se não por toda vida. Uma criança deve ser saudável, comer bem e se exercitar, seguindo o exemplo de seus responsáveis. A cobrança todavia não traz resultados positivos. O incentivo traz. Mostrar a forma correta de se alimentar não é pressionar uma criança dizendo que está gorda. Para essa questão, e muitas outras, um profissional da nutrição pode ajudar a criar estímulos saudáveis, e não opressores.
A cobrança
Finalmente, há a questão da cobrança. Um prêmio, uma medalha, uma boa colocação e o que isso realmente significa para uma criança ou adolescente. Quanto disso é só uma projeção egocêntrica de pais e professores em seus pequenos e quanto é interesse em proporcionar experiências valiosas para o aprendizado e a vida? Não se trata de uma questão simples, com resposta definida ou manual de instruções. Cabe a cada um de nós analisar o que faz e o que deve fazer para o melhor de nossos alunos e filhos.
Diante das complexidades da vida, a dança nos coloca questões profundas e relevantes. E que bom que o faz. Que nossa valorosa formação artística e técnica nos transforme em melhores seres humanos, amém!