Ensino do ballet para adultos: Considerações – 10ª parte

Olá, nesta pos­ta­gem vou falar um pouco sobre um assunto que con­si­dero polêmico.

Me envi­a­ram esse link e pedi­ram a minha opi­nião. Aproveito este espaço para com­par­ti­lhar. O artigo foi escrito em Portugal e fala sobre a dança e seus fal­sos pro­fes­so­res de dança. Tema difícil…

A minha opi­nião sem­pre foi a de que todos, todos podem e devem dan­çar. Faz bem ao corpo, à mente, à alma… Assim como nós pode­mos can­tar, jogar, cozi­nhar, escre­ver, jogar bola, ama­do­ra­mente. Porém, ensi­nar e dan­çar pro­fis­si­o­nal­mente, aí a his­tó­ria muda de figura. Para nos tor­nar­mos pro­fis­si­o­nais, pre­ci­sa­mos de nos espe­ci­a­li­zar. Simples assim! Aliás, como em todas as profissões!

Quanto à dança espe­ci­fi­ca­mente, eu per­cebo que nós esta­mos em um momento impor­tante no que tange a pro­fis­si­o­na­li­za­ção. Os dan­ça­ri­nos de com­pa­nhias pro­fis­si­o­nais são cada vez mais espe­ci­a­li­za­dos. Os que se tor­nam pro­fes­so­res per­ce­bem mais a neces­si­dade do estudo teó­rico para com­ple­men­tar o seu conhe­ci­mento empí­rico. Ou seja, esta­mos no cami­nho certo: unir a prá­tica à teo­ria e vice-versa.

Existem, com cer­teza, os gênios da dança, aque­les que nas­ce­ram com o dom e que pare­cem nem pre­ci­sar de trei­nos… doce ilu­são… durante algum tempo podem até ilu­dir com seu talento, mas é pre­ciso algo mais para que este dan­ça­rino se man­te­nha como pro­fis­si­o­nal. Nos dias atu­ais, é pra­ti­ca­mente impos­sí­vel alguém se man­ter no mundo do tra­ba­lho ape­nas com o talento, sem empe­nho em supe­rar difi­cul­da­des e apro­fun­dar no conhe­ci­mento pro­fis­si­o­nal. Na dança não pode ser diferente.

Aos meus alu­nos que que­rem dan­çar pro­fis­si­o­nal­mente, eu sugiro pro­cu­rar cur­sos prá­ti­cos com pro­fes­so­res reno­ma­dos que o levem a conhe­cer e uti­li­zar melhor o seu corpo, ler bas­tante sobre o seu tra­ba­lho, sua his­tó­ria, saber como anda o mer­cado, fazer audi­ções, con­cur­sos, enfim se mos­trar no mundo da dança den­tro do estilo que escolheu.

Importantíssimo, tam­bém atu­al­mente, usar téc­ni­cas que auxi­liem a pre­pa­ra­ção e a manu­ten­ção da forma física. Se o aluno não qui­ser fazer a gra­du­a­ção neste momento, não tem pro­blema. Afinal, o foco deve ser no pre­paro físico e men­tal, pre­cisa estar dis­po­ní­vel para dan­çar. Se ele tiver tempo e dis­po­ni­bi­li­dade para tal, nunca é demais estu­dar. Trabalhar o lado inte­lec­tual irá agre­gar mais valor à sua arte.

Àque­les que qui­se­rem ser pro­fes­so­res, sugiro que pro­cu­rem uma for­ma­ção aca­dê­mica que some valor ao seu tra­ba­lho empí­rico e cor­po­ral. Ainda esta­mos enga­ti­nhando no mundo aca­dê­mico, as facul­da­des de dança ainda não ofe­re­cem todas as moda­li­da­des de dança, mas já demos os pri­mei­ros passos.

Acredito na for­ma­ção supe­rior em dança, e acho impor­tan­tís­simo para o nosso uni­verso que cada vez mais tenha­mos dan­ça­ri­nos em busca do conhe­ci­mento teó­rico para que se tor­nem melho­res pro­fes­so­res, crí­ti­cos, fomen­ta­do­res, pro­du­to­res, dire­to­res, entre mui­tas outras pos­si­bi­li­da­des. Precisamos ser repre­sen­ta­dos em todos os âmbi­tos e com­par­ti­lhar o nosso conhe­ci­mento com outras áreas, como as ciên­cias huma­nas, bio­ló­gi­cas e exa­tas. É o mundo glo­ba­li­zado que exige cada vez mais do pro­fis­si­o­nal da dança.

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