“Nós somos definidos pelas oportunidades. Até mesmo aquelas que perdemos” — quote do filme O Curioso Caso de Benjamin Button
Minha primeira sapatilha de ponta. Foto: Bark Studio
Eu sempre senti uma estranha identificação com o ballet. Alguns interpretariam este fato com explicações espirituais (como se eu já tivesse sido bailarina em vidas passadas, por exemplo) e outros, como simples e puro destino. Eu gosto de considerar as duas opções.
O ano era 2008. Sentada na sala escura do cinema, meus olhos esperavam ansiosos por cada cena da bailarina Daisy em O Curioso Caso de Benjamin Button. E no dia seguinte, já saí a procura de uma escola que tivesse turmas para adultos. Não consegui mais fugir do “chamado”.
A primeira vez que ouvi falar de adultos fazendo ballet foi quando li uma entrevista com a atriz Alinne Moraes, que dizia ter trocado academia pela dança. Fiquei fascinada com a possibilidade de calçar sapatilhas (pela primeira vez) depois dos 20.
Comecei. Aos 21 anos fiz minha primeira aula de ballet na vida (até então, só tinha dançado jazz e street dance). Minha primeira professora logo viu que eu era uma aluna dedicada e, depois de um ano eu já estava começando o trabalho de pontas em uma aula de Intermediário, meio a adolescentes entre 12 e 15 anos. Era engraçado e divertido. Eu tinha o mesmo tamanho delas! haha
Intagram direto da aula
Junto com a minha jornada bailarinística surgiu o Meia Ponta, diário pessoal no qual conto, desde o primeiro dia, minhas experiências com o ballet.
Hoje eu sei que a dança é para todos e abraço o ballet com toda a minha alma. E é tão gratificante poder fazer o que amo e meu corpo me agradece tanto, que nem frustração eu sinto (digo, por não ter descoberto tudo mais nova). Cá entre nós, este pensamento de que “ballet só se começa quando criança” está extremamente ultrapassado.
Acredito profundamente que quando começamos algo com a cabeça aberta e paixão, nada pode tirar aquilo de nós. Recebo frequentemente recados de meninas que têm medo de começar por causa dos outros e que ficam muito preocupadas na justificativa que terão que dar para os pais, ou para o namorado… Em nenhum momento isso passou pela minha cabeça, de tão absurda que é essa ideia.
Nunca deixei a palavra “adulta” me diminuir. Sempre pensei grande e conversei com as minhas professoras, deixando claro que a minha idade não diminui minha determinação.
Ninguém está na posição de te julgar, ou sentir pena de você porque começou adulta. Pena eu sinto daqueles que não têm coragem de ir atrás do que os faz feliz. Dançar me faz feliz. E mais louco é quem me diz, como na música.
Não tema o ballet adulto. Não perca oportunidades.
Eu, de bailarina. Foto: Bark Studio