Triz, o novo espetáculo do “Grupo Corpo”
Estreou, no dia 30 de Agosto, a temporada com o novo espetáculo do renomado grupo mineiro Corpo.
A temporada, que foi do dia 30 de Agosto ao dia 03 de Setembro, no Palácio das Artes de Belo Horizonte, contou na primeira parte com a apresentação do ballet “Parabelo”, de 1997, e na segunda parte “Triz”, o mais novo trabalho da Cia encabeçada pelos irmãos Pederneiras.
Parabelo tem coreografia de Rodrigo Pederneiras, música de Tom Zé e Zé Miguel Wisnik. Cenografia de Fernando Velloso e Paulo Pederneiras, figurino de Freusa Zechmeister e iluminação de Paulo Pederneiras.
Parabelo já é um velho conhecido do público. O seu início é fenomenal! O figurino com aquelas sapatilhas coloridas, a música, a cenografia e o fim, tudo maravilhoso. Desde a primeira vez que assisti Parabelo, não sei quando, tive uma impressão cujo sentimento permaneceu: o início e o fim são tão fortes, que foi permitido ao ballet dar uma “caída” no meio, não de qualidade técnica e beleza, claro, mas uma caída de “brilho”. Queria que essa “caída” fosse um pouco mais curta, para nos manter 100% ligados. Parabelo foi para lá de belo!
Sobre o novo ballet do Grupo Corpo, “Triz” — foi o padrão Corpo de qualidade! Fantástico! Coreografado (como sempre) por Rodrigo Pederneiras e cenografia de Paulo Pederneiras, iluminação de Paulo e Gabriel Pederneiras. Figurino de Freusa Zechmeister e música de Lenine e seu filho, Bruno Giorgi.
O limite, estar no limite, viver o limite. A vida por um ¨Triz¨ — é a idéia central do ballet. Com uma trilha composta especialmente para o espetáculo, Lenine usou apenas instrumentos de corda. Instrumentos distantes um do outro em todos os parâmetros. Foi do berimbau à cítara, passando pela balalaica e o violino. A trilha, composta por 10 movimentos de uma única peça, tem uma culminação genial, terminando com uma nota de piano, uma única nota, que encerra o ballet.
As cordas estão presentes no cenário. Quase 15 kms de cabos de aço formam uma parede, ou melhor, três paredes, com uma saída cada. Essa parede mostra solidez, mas ao mesmo tempo pode ser penetrada pela luz e ter uma imagem que está atrás dela vazada para frente. Em apenas um momento essa idéia do que está atrás poder ser visto foi utilizada. É quando os bailarinos dançam atrás das paredes, contando em voz alta o andamento da música. Neste momento, o casal que se encontra no centro ¨da sala¨ fica no escuro. Limites.
O figurino é uma malha inteiriça, metade branca e metade preta, que ¨divide¨ o corpo do bailarino ao meio, lado direito e lado esquerdo. Os limites. O figurino estava lindo, super condizente com o tema, mas ele nos atrapalhava a observar os movimentos dos bailarinos. Por vezes, não consegui enxergar o que o bailarino fazia, já que a parte preta do seu corpo se confundia com o fundo, quando este não tinha iluminação forte em cima. Nos duos, principalmente femininos, chegava um momento que não se distinguia que parte do corpo pertencia a quem. Esse efeito foi bem legal, desnorteante, porém inusitado.
Na minha opinião, com os anos, Triz entrará para os ¨clássicos¨ do Grupo Corpo e, consequëntemente, para o repertório brasileiro de dança. Fantástico!