Precisa ter alma de bailarina!
Essa alma vai levar o seu corpo à forma que ela precisa para se expressar.
Olá! Meu nome é Christine White e, quando fiz 50 anos, decidi me tornar bailarina. No início, tinha vergonha de assumir esse desejo até para mim mesma mas, sonho que resiste a 50 anos de outras tentativas tem, em si, um forte potencial para se tornar realidade. É assim que, desde o dia 25 de janeiro de 2012, comecei a me preparar para não só conseguir, mas provar, publicamente, que é possível, sim, chegar a um nível de excelência até em atividades tão aparentemente complexas, como o balé – e em qualquer idade.
Tudo começou quando me deparei com uma foto em que eu tinha 13 anos. Uma coleguinha da escola, que estudava balé no Teatro Municipal de São Paulo, precisou de alguém, que fizesse o papel masculino na festa de fim de ano. Ela me ensinou o que dava, em dois meses, e lá fui eu. Fui e deixei uma parte de mim lá, parada, esperando a chance de dar o passo seguinte, o que só aconteceu 37 anos depois, em 2012. Quando vi a foto dos 13 anos, percebi, ano passado, num acesso de choro, que eu tinha ficado ali durante anos e, em mim, algo ainda esperava a chance de se manifestar: a minha intacta alma de bailarina.
Pensei comigo: é urgente ser feliz. E há um ano e oito meses, venho tentando reinventar o aprendizado de balé, buscando soluções novas para velhas dificuldades. E por falar em dificuldade, preciso dizer, desde já, que não acredito em dificuldade para aprender, acredito em dificuldade para ensinar. E que quando você começa aos 50, o que normalmente se começa aos 5 anos, você pode não dispor dos músculos com o vigor que eles já tiveram um dia, mas há algo em você que ajuda de uma forma inesperadamente decisiva: a experiência de vida.
É com a força da inteligência que podemos compensar o que nos falta em força física. A todo momento penso em como contornar as dificuldades de alcançar determinado resultado no balé, buscando uma solução NOVA para chegar a posições antigas.
O balé existe há 600 anos? Em mais de meio milênio, tanto progresso já foi alcançado pela humanidade… Desde a mais moderna tecnologia médica — como o PRP que regenerou a cartilagem do meu joelho, logo de saída (como vou contar aqui ao longo da nossa convivência), até os recentes recursos da neurociência, que têm me ajudado imensamente a superar, com a mente, algumas dificuldades do treino. E isso, sem falar nas técnicas de autoconhecimento corporal, que ajudam imensamente a evitar a dor, e foram sendo descobertas ao longo dos últimos séculos, como a Técnica de Alexander e o Pilates.
Vou dividir com você, a partir de agora, todas as soluções que tenho conseguido. E vou contar como venho tirando proveito de tudo o que poderia ser considerado como desvantagem. Até da minha baixíssima tolerância a dor, que me levou a buscar – e estou encontrando – na Técnica de Alexander, um meio de subir na tão temida sapatilha de ponta, sem violentar o meu corpo. Mas Técnica de Alexander e sapatilha de ponta, o que uma coisa tem a ver com a outra????? Vou te dizer.