O Brasil agora conta com mais uma companhia profissional de dança! Mais precisamente, nasceu oficialmente nesta última sexta, 23 de Agosto de 2013, em Belo Horizonte, capital mineira, a Sesc Cia. de Dança.
Com excelentes 21 bailarinos, a Sesc Cia. de Dança já estreou com grande expectativa e num patamar onde poucas companhias do Brasil estão. Com a difícil missão de ser uma cia profissional, ao mesmo tempo clássica e contemporânea, no seu espetáculo de estréia, a Sesc Cia. levou ao palco do Grande Teatro SESC Palladium de Belo Horizonte a síntese de ¨La Bayadére¨ e a peça ¨São como palavras¨ de Henrique Rodovalho (Quasar Companhia de Dança), criado especialmente para a estréia da SCD.
Foi apresentada toda a história de ¨La Bayadére¨, de forma resumida, ou seja, sem maior parte das danças, deixando presente os movedores de enredo. Gostei muito da forma como isso foi feito. Uma ótima forma de ¨popularizar¨ os clássicos em um país onde as pessoas não têm o costume de ficar 2:30 hs assistindo um espetáculo.
Infelizmente, não gostei dos figurinos. Não por que eles eram feios, mas por que alguns foram feitos com materiais muito modernos, e outros não representavam a Índia.
Ouvi comentários sobre a ¨pobreza¨ do cenário. Mas ¨La Bayadére¨ tem um cenário tão magnífico, que haja dinheiro para fazer. É uma cia que está começando agora, do zero, é querer demais que eles tragam o cenário do tipo Ópera de Paris. Achei o cenário do II ato até muito bonito para as condições. Só não gostei daqueles bambus dependurados no Ato I. É um cenário interessante, mas achei que não cabe na representação da 1ª Cena de La Bayadére.
Os bailarinos são todos muito bons! Destaque para os homens, principalmente Solor (Igor Renato) com uma técnica precisa. Mas senti falta de um pouco mais de virilidade masculina, em todos os bailarinos.
Penso que a direção pecou no trabalho com a interpretação dos personagens. O artístico por vezes estava falho. Tanto nos primeiros bailarinos, quanto no corpo de baile. O Ídolo de Bronze (Diego Borelli) foi bem. Mas a sua dança não faz o menor sentido se ele estiver sozinho em cena.
A respeito da falta do III ato (O Reino das Sombras), criticado por algumas pessoas, concordo com a direção. Dentro da escolha de remontar ¨La Baydére¨ tendo apenas 21 bailarinos, que é uma missão impossível, foi certa, ao meu ver, a decisão de acabar com o ballet no momento em que Nikiya morre. Ao todo a Cia conta com 11 mulheres, como fazer um Ato Branco com essa quantidade de bailarinas? Melhor nem tentar. O que poderia ter sido feito, na minha opinião, é escolher um ballet menos grandioso.
Enfim, acho que faltou para esse primeiro trabalho um pouco mais de pesquisa.
Sobre o momento mais esperado da noite, o novo trabalho de Henrique Rodovalho, digo que a peça foi excelente! O belo figurino coube muito bem na proposta e valorizou muito a movimentação dos bailarinos. Mas a impressão que tive é que o apresentado era apenas 1/3 da obra completa, teve a ¨introdução¨, mas não senti o ¨ápice¨ e a ¨conclusão¨.
Bom, é isso. A Sesc Cia. de Dança estreou. É muito bom termos mais essa companhia profissional no país, uma Cia que ainda tem muito a amadurecer, mas já conta com um elenco de Primeira.