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crônicas

Troquei o analista pela sapatilha de ponta

Posted on 21 de fevereiro de 201428 de junho de 2015 by Claudia Richer
21
fev

Bailarinas são muito magras, muito jovens e pre­ci­sam come­çar muito cedo.

Na con­tra­mão (como sem­pre) de todos esses dog­mas que ouvi durante a vida inteira, lá estava eu, com 37 anos, acho, pronta (coque, rede, sapa­ti­lha, col­lant) para a minha pri­meira aula de bal­let clás­sico numa turma de adul­tos ini­ci­an­tes. Não era nada jovem, muito magra nem reen­car­nando mil vezes e estava come­çando bem depois do tempo regu­la­men­tar. A meu favor ape­nas a von­tade de acer­tar e a pai­xão pela dança. Não tive um desem­pe­nho bri­lhante como espe­rava, mas tam­bém pas­sei longe do desas­tre total, o que já foi mais que sufi­ci­ente. Aos pou­cos, entre­tanto, todos os fan­tas­mas fica­ram para trás. Fui acer­tando o passo. Literalmente.

Três meses depois dessa “estreia” tive­mos uma prova. É, prova, com banca exa­mi­na­dora e tudo. (na Academia Johnny Franklin tudo era levado muito a sério. E uma das pri­mei­ras e mais impor­tan­tes regras que aprendi no bal­let foi que dis­ci­plina é tudo. Isso, claro, incluía uni­forme em per­feita con­di­ções, cabelo preso, tudo impe­cá­vel sem­pre). Voltando! Durante a prova, já no cen­tro, letra C, não deu outra: fiquei Tetê-à-tête com os pro­fes­so­res que for­ma­vam a banca. Diante de tanta ten­são, desci e subi em um grand-plié sem cair, tre­mer ou pipo­car. Vitória!!!! Assim o tempo pas­sou, as difi­cul­da­des aumen­ta­ram e a pai­xão, mais ainda. Continuei por mui­tos anos, alguns “adul­tos” desis­ti­ram e a turma aca­bou se mes­clando com outra, de ado­les­cen­tes, uma delí­cia de con­vi­vên­cia quando não são nos­sos filhos.

Um dia, a pro­fes­sora final­mente anun­ciou o momento mais espe­rado de todos. Na semana seguinte come­ça­ría­mos a usar sapa­ti­lha de ponta. Uhuuuuu!!!!!!!! Afinal esse é ou não um dos gran­des sonhos de toda bai­la­rina? Se dói? Dói e dói muito. Dá para suar frio de dor e até pen­sar em desis­tir, enxu­gando – ao mesmo tempo — lágri­mas e suor. Esse lado do sonho não é nada gla­mu­roso. As unhas encra­vam, os calos inco­mo­dam, os pés pedem socorro a todo ins­tante. Mas tam­bém a todo ins­tante vem a agra­dá­vel sen­sa­ção de ter per­cor­rido – pelo menos – uma boa parte do caminho.

Na vida, entre­tanto, como nem sem­pre a música toca do jeito que a gente gosta, pre­ci­sei parar durante um bom tempo. Não deve­ria, mas não deu para ser dife­rente. Quebrei um jura­mento que fiz a meu médico que por nada, nada mesmo, lar­ga­ria o bal­let. “Você não tem ideia dos bene­fí­cios que a dança fez ao seu corpo ainda que a longo prazo.” Não era uma opi­nião qual­quer. Era o pro­fis­si­o­nal mega com­pe­tente e o amigo super que­rido dizendo a mesma coisa. Mas eu parei e me arre­pendo até hoje. Parei quando já con­se­guia fazer pas­sés e equi­lí­brios na ponta, enfim, ainda fal­tava muito para che­gar lá, mas já me sen­tia quase uma pri­meira bailarina.

Atualmente, em outra aca­de­mia, para onde fui res­ga­tada via face­book por minha pro­fes­sora (e amiga) lá do iní­cio da his­tó­ria, estou longe de fechar a quinta dos meus sonhos. Entendi que não dá pra lutar con­tra o tempo e me con­for­mei. Então capri­cho na expres­são, no alon­ga­mento, nos bra­ços, (adoro ports des bras, sou­ples­s­ses, cam­brés) me coloco o mais en dehors pos­sí­vel, pro­curo inves­tir no sen­ti­mento que chega até mim atra­vés da música e dos pas­sos, já que a téc­nica, bem, a téc­nica ainda tro­peça bas­tante. Mas se a piru­eta de quarta não acon­te­ceu, se as per­nas não saí­ram ao mesmo tempo no sis­sone ou se os bra­ços do pri­meiro ara­bes­que falha­ram, sem­pre resta a emo­ção de ter ten­tado. E a von­tade de ten­tar outra vez. Para acer­tar definitivamente.

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foto: repro­du­ção

Não sou apai­xo­nada ape­nas (!!!) pelas aulas. Espetáculos de dança (sem­pre a clás­sica em pri­meiro lugar) con­se­guem me hip­no­ti­zar. Gosto de tudo, de exa­mi­nar cada deta­lhe, cada expres­são, cada gesto. E de sonhar, sonhar, sonhar. Fico ima­gi­nando quan­tos anos de ensaio, quan­tas horas de aula e quanto sofri­mento aquela cri­a­tura que está em cena (leve, ágil, serena e sor­ri­dente em seus mui­tos fou­et­tés en tour­nant) pre­ci­sou enfren­tar. Talvez por isso sem­pre afirme que bai­la­ri­nos são seres de outro pla­neta. Que desa­fiam o tempo e o espaço, des­ven­dando da forma mais linda e deli­cada pos­sí­vel a mágica do movimento.

Costumo dizer que tro­quei o ana­lista pela sapa­ti­lha de ponta. Não estra­nhem. É que jamais con­se­gui­ria des­cre­ver com exa­ti­dão as sen­sa­ções que aulas de bal­let pro­vo­cam em mim. Quem faz, quem faz lutando con­tra ideias pré — esta­be­le­ci­das, quem “briga” por aquele pedaço da barra, quem vira o mundo ao con­trá­rio para não per­der um segundo de aula ou quem dri­bla os pró­prios limi­tes sabe do que estou falando. É como se eu rece­besse uma carga extra de ele­tri­ci­dade, acom­pa­nhada de uma sen­sa­ção de bem estar que o ana­lista tam­bém dá, claro, mas de outra maneira. No final ambos bus­cam ninar um pouco a alma da gente. E este acon­chego é cer­ta­mente a melhor de todas as recompensas.

Afinal, a vida per­de­ria a graça se não pudés­se­mos res­pon­der ao estra­nho cha­mado de “Prepara! 5, 6, 7, 8”.

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Claudia Richer

Jornalista, adora escrever e diz que, sem nenhuma modéstia, lidar com as palavras é sua especialidade. São muitos anos nessa profissão e a história toda, mas toda mesmo é longa demais para ser contada em um parágrafo. Já foi diretora de revistas femininas, correspondente internacional (Paris) e no momento trabalha em uma assessoria de comunicação. Também fez faculdade de teatro (que é o grande combustível de sua vida) e ama dançar. "Amo mesmo, paixão à primeira vista, ops... ao primeiro grand pliè, melhor dizendo" - diz ela.

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