Desde que comecei a fazer ballet, recebo as mesmas perguntas de meninas que gostariam de começar a dançar depois de adultas. Ainda existem muitos mitos em relação ao ballet para adultos (alguns deles muito bobos). Então, resolvi escrever este post contanto um pouquinho mais sobre a minha experiência como bailarina.
Uma das perguntas mais frequentes é com que idade comecei e há quanto tempo eu danço. Comecei aos 21 anos. Tem gente que começa aos 16, tem gente que começa na casa dos 20, como eu, e tem também quem começa depois dos 30, 40… Não se preocupe: uma turma de ballet adulto é sempre bem “misturada”, você não se sentirá sozinha.
Hoje eu somo 3 anos de aula e posso dizer que só agora que comecei a me entender realmente com o ballet, sabe? Cada dia é um aprendizado novo! O bailarino adulto tende a ser muito ansioso, tem sede de conhecimento e pressa de aprender. Eu era assim quando comecei. Mas a verdade é que o processo é bem lento, gradual, e cada mínimo detalhe importa. Porque no ballet, se você não entende cada passo, cada início, meio e fim de um movimento, isso vai lhe custar caro mais pra frente, na hora de dançar uma coreografia, por exemplo. Mas, por outro lado, o resultado em nosso corpo torna-se evidente muito rápido. Mais do que quando se malha em academia. Ah, sim: Eu também nunca havia feito ballet na vida. Este fato nunca me atrapalhou.
Outra dúvida frequente é em relação à flexibilidade. Acreditem: você vai desenvolve-la com o tempo! Não pode fazer corpo mole, aula de alongamento no ballet não é igual a aula de alongamento da academia: a gente dá uma sofrida, sim. Mas o resultado chega em meses, quando se dedica com disciplina. Quanto mais vezes na semana você se alongar, melhor.
As bailarinas adultas mais ansiosas só querem saber de uma coisa: iniciar o trabalho nas pontas! Este assunto é meio relativo. Cabe a cada professor observar suas alunas e dizer quando elas estão prontas. No meu caso, iniciei nas pontas mais ou menos 1 ano e alguns meses depois de ter começado o ballet.
Eu lembro de ter tido vários sonhos em que subia nas pontas, de tão ansiosa! E até hoje nunca esqueci quando experimentei uma sapatilha pela primeira vez. Minha professora pegou uma emprestada de outra aluna, porque queria saber se aquele modelo era bom pra mim (porque sapatilha não tem receita certa, há diversos modelos para cada tipo de pé). Então, eu subi nas pontas dando as mãos pra ela (eu morria de medo de cair!). Tentei disfarçar minha alegria, mas meu sorrisão não deixava. haha Foi um momento bem especial.
A sapatilha da bailarina carrega um certo mistério e naquele momento eu me senti começando a desvenda-lo… É muito engraçado quando as pessoas que não dançam pedem pra “ver por dentro” a sapatilha. Eu também ficava imaginando o que encontraria lá dentro… Imaginava as coisas mais assustadoras, é claro, baseada nessas histórias de pés machucados que escutamos por aí.
Com o tempo, achei o modelo ideal pra mim e também aprendi a proteger os meus pés para que não abrissem machucados. Ao contrário do que muitos pensam, sapatilha de ponta não precisa ser um martírio. Dói, sim, mas também não é para esfolar seus pés em todas as aulas, principalmente quando se é iniciante. Se isso acontece, há algo errado. Quando comecei, escolhi uma sapatilha que ficou pequena para o meu pé. A primeira aula de ponta da minha vida (toda na barra, 15 minutos de exercícios bobos) foi um pesadelo. Foi a primeira vez em que pensei “É, talvez eu não consiga ir em frente” haha Não se desespere: converse com a sua professora para encontrar a sapatilha ideal pra você. E vá em frente, sim!