Continuando as considerações da postagem anterior sobre a demanda por adultos para o aprendizado do ballet, quero compartilhar um pouco da minha visão sobre os proveitos físicos do trabalho com a técnica clássica.
Já escrevi que sou uma fã do ballet, não só por considerar uma arte belíssima que me afeta profundamente, mas também pelos inúmeros benefícios que sua aula pode trabalhar, como: força, resistência, coordenação, musicalidade, memorização, equilíbrio e flexibilidade.
Escolhi, nesta postagem, falar sobre a flexibilidade e o trabalho de alongamento nas aulas de ballet. Primeiramente, preciso informar aos leitores, que quando eu falo de flexibilidade, falo de uma qualidade física caracterizada pela máxima amplitude de movimentos possíveis em uma ou mais articulações. E alongamento é o trabalho físico que se realiza para melhorar a flexibilidade.
Em geral, os alunos que me procuram para as aulas de adultos, questionam se irão ficar flexíveis como os bailarinos que permeiam o imaginário comum. Respondo que este não é o meu maior enfoque, mas que, sim, vamos trabalhar os alongamentos para melhorar a flexibilidade. Ou seja, não será fazendo duas aulas de ballet por semana que uma pessoa que tem o corpo pouco flexível, vai atingir grandes arcos de movimento como o que vemos em bailarinos profissionais. Com isso, pretendo evitar a expectativa do aluno de que algumas aulas lhe permitirão fazer proezas no que tange à flexibilidade, e que, ao perceber que isso não ocorre, venha a se sentir desestimulado.
O que quero evitar é a expectativa de que ao se matricular o aluno possa ter em mente que após algumas aulas o aluno consiga fazer proezas no que tange à flexibilidade e aí se desestimule. Se o objetivo for unicamente ficar mais flexível, é melhor procurar uma aula de alongamento, pois o enfoque das aulas de técnica clássica é muito maior do que somente o trabalho de alongamento.
Nas aulas de ballet, vamos aumentar o ganho de flexibilidade do corpo e consequentemente, ampliar as possibilidades de movimento. Mas, como disse, esse trabalho não é o enfoque principal das aulas. Alguns dos exercícios de barra, como os lançamentos nos Gr. Battements, as inclinações de tronco como os souplesses e cambrés são considerados exercícios de alongamento ativos, muito importantes para ganhos de mobilidade. Também trabalhamos muito os alongamentos estáticos quando permanecemos em posturas como as grandes aberturas que fazemos ao final da barra. Já no centro, voltamos a trabalhar os alongamentos ativos em lançamentos, e nos grandes saltos.
Portanto, o trabalho de alongamento, visando uma maior flexibilidade para que o corpo tenha grandes amplitudes de movimento, é uma característica das aulas de ballet. Portanto, todo aluno que fizer aulas da técnica clássica, vai acabar ganhando mobilidade segundo o seu empenho, além de todos aqueles outros benefícios que mencionei no primeiro parágrafo.
Por tudo isso, a cada dia gosto mais da arte que escolhi para trabalhar e agora ensinar! Que eu possa compartilhar por muitos anos com várias pessoas este prazer!