Iniciando as minhas observações sobre a técnica clássica e continuando as considerações da postagem anterior sobre a rotação externa, mais conhecido no mundo do ballet como en dehor, escolhi falar neste texto sobre o trabalho importantíssimo do plié na aula de ballet.
Explico sempre aos meus alunos que plié quer dizer flexionamento ou dobramento dos joelhos em rotação externa. Ele é feito nas cinco posições dos pés. Segundo Agrippinna Vaganova, em seu livro “Princípios Básicos do Ballet Clássico”, o plié está presente em todos os passos de dança e por isso deve ser trabalhado com muita atenção, pois bailarinos sem um bom plié, têm um desempenho seco e pouco plástico.
O plié é como uma mola propulsora no ballet. Consiste basicamente do trabalho dos membros inferiores de se dobrarem e esticarem para realizar passos como saltos, giros, enfim, para impulsionar e maleabilizar os movimentos. Ora, mesmo fora do ballet, sempre que vamos correr, saltar, precisamos flexionar nossos joelhos para impulsionar o movimento. Com o ballet não é diferente.
Este passo vai acompanhar o bailarino desde o primeiro dia de aula até o último, e é necessário se ter, como afirmou Vaganova, muita atenção na sua execução. O aluno iniciante aprende primeiro o demi-plié nas primeiras posições dos pés e evolui para os grandes pliés em todas as posições. A primeira atenção antes de iniciar o plié, deve ser a manutenção da rotação externa dos membros inferiores durante todo o exercício. Aliás, como escrevi no minha postagem anterior sobre o en dehor, a manutenção da rotação externa deve ser uma preocupação constante durante toda a aula. Lembrando sempre que a pelve deve estar na posição neutra, sem retro, nem anteroversão.
Outro aspecto muito importante é a questão do fortalecimento e alongamento muscular que o passo desenvolve nos bailarinos. O quadríceps, tanto na descida (excentricamente), como na subida (concentricamente), é muito exigido e se fortalece a cada plié. Os músculos da panturrilha por sua vez, se alongam e também se fortalecem ao máximo e vão agir como uma mola para os saltos futuros.
A questão da coordenação de braços e cabeça com os exercícios do plié também vão colaborar imensamente para o trabalho do bailarino. Um plié bem “acompanhado” de port de brás, associado ao trabalho da cabeça vai dar ao artista uma beleza singular.
Enfim, o plié é de uma importância crucial para o aluno, seja ele um aprendiz ou um profissional. Mas, especialmente para quem está começando na técnica clássica, eu sugiro que faça sempre os seus pliés com muita atenção e cuidado, para que o seu corpo possa ser bem treinado e possa expressar toda a arte que está na alma do bailarino.