Ufa! Quanta aula e ensaio… Mas tudo isso tem um propósito.
Preparamo-nos diariamente para buscar nosso “lugar ao sol” nas companhias de dança que encantam diferentes públicos pelo mundo afora. O dia a dia de um bailarino empenhado e perseverante em conquistar seu objetivo é intenso. Ele trabalha incansavelmente para aprimorar a técnica, ter segurança ao interpretar um papel e ampliar seus conhecimentos sobre a arte que estuda e vivencia. O caminho é árduo e cheio de etapas a serem vencidas.
Uma dessas etapas eu acredito que seja a mais complexa: a constante participação em concursos e festivais de dança. Todo bailarino que se preze já passou por essa experiência, algumas vezes frustrante, mas sempre intensa — não podemos negar.
Os concursos e festivais dos quais participamos têm por finalidade nos oferecer experiência de palco. Não devemos encará-los apenas como eventos que podem nos premiar. Precisamos extrair deles as vivências mais positivas necessárias para o nosso amadurecimento profissional. Saber lidar com imprevistos, controlar a ansiedade e o nervosismo pessoal, dançar em grupo, dançar sozinho no palco com centenas de pessoas assistindo, interagir com outras escolas são algumas das habilidades que desenvolvemos ao longo de nossas participações em festivais durante nossa formação.
Vocês acharam que a única e mais importante função do festival ou do concurso de que participaram este final de semana era a premiação dos melhores bailarinos, bailarinas e escolas? Vocês erraram se acreditaram ser esse o único e absoluto objetivo da participação em festivais.. De acordo com o velho ditado, O IMPORTANTE É PARTICIPAR, e, nesse caso, realmente é! Crescemos não só enquanto bailarinos, mas também enquanto pessoas, ao aprendermos a driblar nossas angústias e frustrações. Dançamos mal em um dia e devemos estar no dia seguinte na sala de aula treinando as piruetas que não deram certo, trabalhando o en dehors que deixou a desejar, repetindo a variação quantas vezes forem necessárias para melhorar o fôlego, escutando o que seu professor tem para falar, aconselhar ou corrigir.
Devemos ter em mente que nem todo bailarino repetidamente premiado em concursos e festivais é o que irá brilhar nos palcos das grandes companhias de dança da atualidade. Alguns deles, ao se formarem, abandonam a dança. Outros — os que seguem dançando — são iguais aos demais: também vão precisar estar nas audições para conseguirem uma vaga em algum corpo de baile. A única diferença é que esses possuem mais troféus em suas prateleiras.
Precisamos participar dos festivais livres de qualquer pensamento desestimulante. Vocês devem encontrar um processo de preparação próprio. Não existe uma fórmula a ser ensinada para que todos sigam. Cada um tem um jeito particular de se centrar que o faz sentir mais tranquilo e melhor concentrado. Ouçam as palavras de seu professor e de seu ensaiador. Não se preocupem em assistir o bailarino “super star” da escola “top do momento” durante o evento. Preocupem-se em repassar todos os pontos de sua coreografia em sua mente. Direcionem suas energias para vocês mesmos, não as desperdicem com a tensão de se compararem com os outros.
Dancem com a certeza de que, naquele momento, vocês são os melhores bailarinos que podem ser. Transmitam essa confiança na sua dança, na sua arte, para o público e para o júri. Encantem as pessoas. Vivam o personagem que estão interpretando. Divirtam-se. Saiam do palco com a real sensação de dever cumprido. Aprendam não somente com as vitórias, mas com as decepções também. Não desistam de trabalhar. E, acima de qualquer coisa, não permitam que ninguém fale que você não é capaz!
Acreditem nos seus sonhos, pois eles são valiosos. Boa sorte! Torço por suas futuras premiações. E, mesmo que elas não aconteçam, torço sempre pelo sucesso e alegria de todos vocês!