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crônicas,universo da dança

A bailarina que dança com a alma

Posted on 12 de agosto de 20141 de julho de 2015 by Claudia Richer
12
ago

Tombé, pas de bour­rée, glis­sade, pas de chat! Tombé, pas de bour­rée, glis­sade, pas de chat! Tombé, pas de bour­rée, glis­sade, pas de chat.

A voz da pro­fes­sora é enér­gica. As alu­nas evo­luem na dia­go­nal da sala, repe­tindo, com­pas­sa­da­mente, a sequên­cia de movi­men­tos. Repetem uma, duas, três, vinte vezes. O can­saço é visí­vel, mas elas não param. Só mesmo quando a música chega ao fim e a pro­fes­sora troca de passo. Baterias e gran­des sal­tos reve­lam que está quase no final. A reve­rence sina­liza que a aula aca­bou. Pelo menos aquela, acabou.

A turma parece exausta. O suor escorre pelo corpo, marca o chão de tábuas cor­ri­das, deixa no ar uma atmos­fera tensa, de tra­ba­lho duro e sofrido. Pés esfo­la­dos, cale­ja­dos, incha­dos, mús­cu­los dolo­ri­dos, abso­lu­ta­mente esgo­ta­dos por fou­ettès e bat­te­ments inter­mi­ná­veis. Ao con­trá­rio do que se possa ima­gi­nar, entre­tanto, tudo isso sig­ni­fica feli­ci­dade, bem-estar, rea­li­za­ção. A cena — que pode até pare­cer estra­nha para alguns — na ver­dade é mais uma etapa na exaus­tiva rotina de bai­la­ri­nas e bailarinos.

Uma das alu­nas, a mineira Clara Spinelli Bittencourt, 25 anos (em nada mesmo parece dife­rente das outras), mas – acre­di­tem – é defi­ci­ente audi­tiva. Apesar disso, dança e dança lin­da­mente. “Minha mãe era pro­fes­sora de bal­let e tinha uma aca­de­mia na pequena cidade onde morá­va­mos em Além Paraíba. Cresci nesse meio. Assim – aos qua­tro anos — o bal­let che­gou até mim, atra­vés de minha mãe. Já dan­çava den­tro da bar­riga dela, acredito!”

Aliás, esta é a vida de Clarinha que adora dan­çar em qual­quer tempo ou lugar. “Comecei a fazer aulas cedo e não parei mais. Sinto a música atra­vés da vibra­ção do som, fun­ci­ona mais ou menos como se fosse tele­pa­tia. A con­ta­gem e o ritmo come­çam ao mesmo tempo, sem­pre, claro, com a ajuda dos pro­fes­so­res. Desta forma a ener­gia da música entra no meu corpo pelos pés, pelos bra­ços e pela mente. Fiz tra­ta­mento com uma fono­au­dió­loga para apren­der a lin­gua­gem oral falada. Em fun­ção disso não tenho pro­ble­mas nessa área. Quanto a ouvir as res­tri­ções são mai­o­res já que minha audi­ção é resi­dual. Infelizmente não uso nenhum tipo de apa­re­lho. São todos muito caros e não temos – minha famí­lia e eu – renda sufi­ci­ente para comprá-los.”

clara

Guardar a sequên­cia dos pas­sos durante as aulas é bem mais fácil para ela. “A grande difi­cul­dade é quando – sem que­rer – a pro­fes­sora fica de cos­tas, e não dá para acom­pa­nhar a lin­gua­gem labial. Assim me perco mesmo e fico sem saber real­mente qual é o passo que vem a seguir. Quando danço, sinto uma feli­ci­dade e um orgu­lho tão grande que me vem a cer­teza de que nada é impos­sí­vel. Basta que­rer. Os obs­tá­cu­los me fazem ten­tar melho­rar mais ainda. Meu cora­ção fica tomado por sen­ti­men­tos de paz, liber­dade e bem estar.”
Ela pode até não ouvir a música, mas con­fessa que a musi­ca­li­dade vem de den­tro para fora do seu corpo. “Preciso da vibra­ção para sen­tir os sons e isso só acon­tece quando a música está bem alta. Já quando salto, perco este con­tato. Aí pre­ciso me guiar pelo ritmo e pela con­ta­gem dos compassos.”

Clarinha gos­ta­ria muito de ser bai­la­rina pro­fis­si­o­nal, mas diante de tan­tos pro­ble­mas e da falta de incen­tivo do governo– que se recusa a inves­tir em cul­tura — sabe que não pode ir longe demais. Recebe muita ajuda dos ami­gos, reco­nhece a gene­ro­si­dade infi­nita de algu­mas pes­soas, mas admite que para “ado­tar” o bal­let como pro­fis­são pre­ci­sa­ria de muito mais.

Aluna apli­cada do Centro de Artes Madeleine Rosay e de Sahyli Presmanes, faz ques­tão tam­bém de agra­de­cer a pro­fes­sora Claudia Freitas, da Sala Lennie Dale, que acom­pa­nha seus pas­sos desde pequena. “Clara é extre­ma­mente comu­ni­ca­tiva e a lin­gua­gem da dança tornou-se a sua pró­pria forma de se comu­ni­car. Ela é capaz de tra­du­zir e colo­car a alma nos movi­men­tos que excuta com a mesma sen­si­bi­li­dade de quem escuta ou até ainda melhor”, acres­centa Claudia.

Com a força das pro­fes­so­ras, ambas gran­des incen­ti­va­do­ras de sua car­reira, acre­dita no sonho de um dia — ape­sar dos obs­tá­cu­los – vir a ser uma grande bai­la­rina. “Sou exi­gente comigo. Estou sem­pre me esfor­çando para dar o melhor de mim em tudo que faço. Além disso, é extre­ma­mente pra­ze­roso tra­ba­lhar com o corpo, trans­mi­tindo sen­ti­men­tos e emo­ci­o­nando as pessoas.”

A menina que “ama a vida” tam­bém sonha com um curso de pós-graduação em Arquitetura e, claro, com outro de bal­let, os dois fora do Brasil. E deixa um recado muito espe­cial e extre­ma­mente deli­cado (assim como ela) a todos que aca­len­tam o mesmo ideal. “Não tenha medo. Nunca é tarde para come­çar. Importante mesmo é fazer aquilo que nos dá pra­zer sem­pre com muita dedi­ca­ção. Os sonhos não podem dei­xar de fazer parte da nossa vida. Mas é pre­ciso esforço para que eles virem rea­li­dade. Sonhos sem ati­tu­des ficam ape­nas no pen­sa­mento. É impor­tante que se trans­for­mem em ações.”

Agora, emocione-se tam­bém (e muito) com as pala­vras “encan­ta­das” de Clara Spinelli Bittencourt espe­ci­al­mente dedi­ca­das a Cristina Martinelli, uma de nos­sas mai­o­res artistas.

“Lembro tão bem .… eu não tinha refe­rên­cia pro­fis­si­o­nal até conhecê-la. Minha admi­ra­ção por ela é enorme, seja pela supe­ra­ção, pela moti­va­ção, não importa. Bendito o dia em que resolvi colocá-la na minha vida. Aprendi tanto, mas tanto!

Cristina che­gou como uma mani­fes­ta­ção artís­tica, expres­sando sím­bo­los. Como sou defi­ci­ente audi­tiva e ela estava bem do meu lado sem­pre mer­gu­lhada em um belís­simo tra­ba­lho cor­po­ral, a expres­si­vi­dade de seus movi­men­tos, me aju­dou a senti-la, mesmo sem escu­tar a música. E assim – colo­cando para fora o lado mais pro­fundo de suas emo­ções e de seu talento – me fez per­ce­ber que ali come­çava o ver­da­deiro ritmo do coração.

Devo demais a ela. E é com pro­funda gra­ti­dão que agra­deço as lágri­mas, os risos e mui­tas outras sen­sa­ções que hoje fazem parte de mim. Por suas mãos fui con­du­zida ao que exis­tia de mais sen­sí­vel neste mundo de magia que é a dança de estar viva. Ajudou-me tam­bém a fazer da sobre­vi­vên­cia um cami­nho para con­vi­ver com minha alma de artista. Fico ima­gi­nando o quanto Cristina Martinelli lutou para ven­cer obs­tá­cu­los, o quanto ser­viu e ainda serve de exem­plo de fibra e deter­mi­na­ção. Minha que­rida te desejo muito, muito sucesso. Obrigada por tudo. Você será sem­pre a minha maior inspiração.”

Esse registro foi postado em crônicas,universo da dança. Adicione aos favoritos.
Claudia Richer

Jornalista, adora escrever e diz que, sem nenhuma modéstia, lidar com as palavras é sua especialidade. São muitos anos nessa profissão e a história toda, mas toda mesmo é longa demais para ser contada em um parágrafo. Já foi diretora de revistas femininas, correspondente internacional (Paris) e no momento trabalha em uma assessoria de comunicação. Também fez faculdade de teatro (que é o grande combustível de sua vida) e ama dançar. "Amo mesmo, paixão à primeira vista, ops... ao primeiro grand pliè, melhor dizendo" - diz ela.

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