Fouettés. Um dos passos do balé clássico mais difíceis e lindos de se ver. E quando as alunas chegam ao momento em que a professora fala “hoje vamos treinar fouettés”, vem aquela mistura de emoções: finalmente, mas como começar? E se eu errar?
Diversas bailarinas se veem receosas em fazer passos “feios” ou errados. No entanto, não acertar é mais do que natural durante nosso aprendizado e são justamente nessas horas que passamos a entender mais nosso corpo e adaptá-lo a nosso favor. Cada pessoa tem um tipo corporal e, por isso, a base de ensino do balé deve ser ajustada de acordo com cada estrutura. Para que isso ocorra é preciso olhar mais para si mesmo, juntamente com as observações do professor.
Unida a essa consciência de adaptação, há uma grande preparação inicial (na barra) antes de começarmos a fazer fouettés. São longos anos de exercícios que treinam o posicionamento das pernas, a força do pé para subir e descer dos relevés, a rotação da cabeça e a resistência para manutenção do ângulo da perna na segunda. Quando esses exercícios estiverem incorporados naturalmente no corpo, será possível executar fouettés.
Porém, além disso, há duas grandes cartas na manga.
Embora eles sejam, na maioria das vezes, subestimados durante o ensinamento, o braço e o ombro são essenciais pra que os fouettés sejam executados com mais segurança e precisão. E digo subestimados, porque, geralmente, as observações sobre eles durante a aula são raras.
Ao longo do aquecimento na barra, o braço precisa estar firme o tempo todo, com cotovelo nunca apontado para baixo e mão muito levemente direcionada para baixo. Enquanto isso, o ombro jamais deve estar jogado para trás, mas sempre alinhado ao seu quadril, pois os dois trabalham em conjunto. Quando seu ombro está desalinhado do quadril, seu giro também sairá desalinhado.
Com isso em mente, transporte essas ideias para seu giro. Ombros alinhados ao quadril, braço na segunda, firme, e mão direcionada para baixo. E de onde vem essa firmeza? Principalmente debaixo do seu ombro. A ideia é fazer uma força contrária (para o chão) abaixo do seu ombro (na sua axila). Essa contra-força auxilia o corpo a ficar mais leve e forte.
Veja, como exemplo, o braço esquerdo da bailarina Dorothée Gilbert (da Opera de Paris) durante os fouettés no balé “La Bayadére”.
Agora, pratique bastante. Sempre quando terminar a aula de balé, treine. Busque entender como seu corpo reage ao aplicar essas dicas na sua performance e ajuste algo quando perceber que pode melhorar.
Mas, cuidado! Jamais sobrecarregue seu corpo. Escute quando ele pede para descansar. A fadiga pode ser um grande vilão, gerando lesões. Fique atento aos sinais!