La Fille Mal Gardée – que pode ser traduzido como “a filha mal criada” — é o ballet mais velho no repertório atual dançado nos teatros. Originalmente ele foi concebido e coreografado por Jean Dauberval, um importante coreógrafo do século XVIII.
Aluno de Noverre, os personagens dos ballets de Dauberval não eram deuses ou heróis, mas sim, representantes das classes mais simples da sociedade. Com suas fraquezas e vícios, condições de vida precárias, sem interesses globais e aspirações, que caíam frequentemente em situações cômicas, os personagens conseguiam sair delas, não através de forças superiores ou com a ajuda de grandes heróis, mas através da sua própria criatividade, alegria, inteligência e astúcia.
Talvez nenhum outro ballet da história tenha passado por tantas mudanças desde a sua primeira estreia, em 1º de Julho de 1789. São vários títulos e músicas até chegarmos às duas versões que mais conhecemos hoje; a de Alexander Gorsky e a de Sir Frederick Ashton .
Conta a história que a inspiração para o enredo veio de uma gravura que Dauberval viu em uma loja de Bordeaux. A gravura reproduzia a pintura do artista Pierre-Antoine Baudouin: Le reprimande/Une jeune fille querellée par sa mère (A reprimenda / Uma jovem brigou com sua mãe). A pintura mostra uma jovem chorando, com as roupas desalinhadas, sendo repreendida por uma mulher mais velha (provavelmente sua mãe) em um celeiro de feno, enquanto seu amante pode ser visto no fundo subindo as escadas.
Le Reprimande de Pierre Antoine Baudouin.
“Le ballet de la Paille”, como foi chamado originalmente, conta a história de Lison (hoje Lise) e Colin (Colas atualmente) e as suas peripécias para convencer a mãe de Lison, a viúva Ragotte (hoje – viúva Simone), a aceitar o romance dos dois.
As versões:
- 1789 – estreia no Grand Theatre de Bordeaux, França.
- 1791 – Primeira apresentação inglesa, no Pantheon Theatre, feita por Dauberval e com o título de La Fille Mal Gardée.
- 1800 – Primeira montagem no Teatro Imperial Bolshoi em Moscou, por Giuseppe Solomoni.
- 1803 – Montado na velha Opera de Paris por Eugéne Hus, o primeiro Colin da versão de Dauberval.
- 1808 – A versão de Hus é levada para Vienna por Jean-Pierre Aumer, apresentado no “Ballett des Imperialen Hoftheater Nächst der Burg”.
- 1818 – Montado no Teatro Imperial de São Petersburgo por Charles Didelot, com o título de Le Pracaution Inutile (como o ballet ainda é chamado na Rússia), com música de Catterino Cavos.
- 1828 – Remontada em Paris. Aumer instruiu o compositor Ferdidand Hérold para adaptar a música original de 1789. Novos temas de óperas de Jan-Paul Egide Martini e Gaetano Donizetti foram adicionados.
- 1828 – Remontada a versão de Aumer no teatro Imperial de São Petersburgo por Jules Perrot, na música de Cesare Pugni.
- 1837 – A bailarina da Opera de Paris Fanny Elssler insiste numa nova adaptação do Grand Pas de deux com suas árias favoritas de “L’Elisis d’Amore” de Donizetti.
- 1864 – Montagem em Berlim por Paul Taglioni no Königliches Opernhaus, com o título “Das Schlecht Bewachte Mädchen” (A filha mal guardada). Uma nova música foi criada pelo compositor residente da opera de Berlim, Peter Ludwig Hertel. O ballet foi um grande sucesso, mantendo-se no repertório por vários anos.
- 1885 – Marius Petipa e Lev Ivanov decidem levar a versão de Taglioni para o Teatro Imperial em São Petersburgo, com o título Le Precaution Inutile, onde Virginia Zucchi vira uma lenda como Lise. O ballet permaneceu no repertório até a Revolução Russa em 1917.
Versões recentes:
Alexander Gorsky montou sua versão, baseada na versão Petipa/Ivanov em Moscou, em 1903.
A mais famosa das versões é, sem dúvida, a de Sir Frederick Ashton, que estreou em 28 de Janeiro de 1960. O compositor e regente da Royal Opera House, John Lanchbery, fez uma nova partitura, baseando-se na música de Hérold, com passagens da música original de 1789, um número da partitura de Hertel (que é utilizada na Dança com Tamancos), utilizou o Pas de Deux de Fanny Elssler e, por fim, compôs alguns novos números. Mais de 22 companhias de dança no mundo, incluindo o Bolshoi e a Opera de Paris, mantém no seu repertório a versão de Ashton de “La Fille Mal Gardée”.
A primeira apresentação de La Fille Mal Gardée no Brasil aconteceu no Teatro Municipal do Rio de Janeiro no dia 24 de Julho de 1928, com a Companhia de Dança de Anna Pavlova.
Personagens:
Lise/Lisa – a filha mal guardada.
Colas/Colin – o amado de Lise.
Viúva Simone – a mãe de Lise, tradicionalmente dançada por um homem.
Alain – o pretendente rico de Lise.
Thomas – O pai de Alain.
O Notário da aldeia.
Enredo: Lise e Colas se amam e querem casar, mas a viúva Simone quer que a sua filha se case com o jovem rico Alain, filho de Thomas. Thomas e a viúva combinam o casamento dos seus filhos. Thomas e Alain levam a viúva Simone e Lise para um piquenique no campo. Os trabalhadores rurais dançam ao redor de um mastro com fitas, e as garotas dançam de tamancos com a viúva Simone. Começa uma tempestade, todos se dispersam e Alain é carregado pela força do vento em seu guarda-chuva aberto.
Mãe e filha retornam pra casa. A viúva quer que Lise sente-se no tear para tecer, mas a moça prefere tecer enquanto dança, quase enforcando a mãe. Após um tempo a mãe pede para Lise dançar, pegando um tamborim para tocar. Quando a viúva está dormindo Lise tenta pegar a chave no seu bolso, mas não consegue. Os trabalhadores trazem a colheita e então a viúva sai de casa, deixando a filha trancada. Lise pensa em Colas e sonha estar casada com ele, com vários filhos — a famosa cena mímica “When I am married” (quando eu estiver casada). Colas salta de trás da pilha de trigo e os dois trocam lenços como um símbolo do seu amor. Passos pesados anunciam o retorno da viúva Simone e Lise esconde Colas em seu quarto, retornando logo após para as suas tarefas. A viúva Simone ordena a filha a subir e colocar o seu vestido de noiva, já que Thomas e Alain estavam a caminho. Lise está cheia de medo, mas sua mãe a leva para o quarto e a tranca dentro.
Thomas e Alain chegam com o Notário. Eles assinam o contrato nupcial e a viúva dá a chave do quarto de Lise para Alain ir busca-la. Lá ele vê Lise, vestida de noiva, com Colas. Com raiva, pai, filho e o notário vão embora. Colas e Lise imploram à viúva Simone que considere um noivado entre os dois, ela acaba concordando e todos celebram. Todos vão saindo, a casa vai ficando vazia e calma, até que Alain retorna para buscar o seu guarda-chuva, que ele esqueceu.
Fatos curiosos:
Uma das características da versão de Ivanov era o uso de galinhas de verdade. Em uma noite em que Olga Preobrajenskaya dançava o papel de Lise, dizem que sua rival na época, Mathilde Kschessinkaya, soltou todas as galinhas no palco durante a variação dela. Muitas das galinhas caíram no fosso da orquestra, no colo dos músicos, mas Preobrajenskaya continuou dançando, como se nada tivesse acontecido.
La Fille Mal Gardée é tradicionalmente dançado em 2 atos, mas devida à complicada troca de cenários, às vezes ele é apresentado em três atos.
A cena mímica “when I am married” (quando estiver casada), cuja criação é atribuída a Petipa, foi ensinada a Ashton por Tamara Karsavina, que aprendeu com o seu professor Pavel Gerdt, que dançou como Colas com as melhores bailarinas da sua época, incluindo Virginia Zucchi.
Virginia Zucchi na versão de Petipa/Ivanov, 1885
Dança do Galo e das Galinhas
A ordem do Ballet segundo a partitura de 1960 de Lanchbery:
1º Ato
1.Introdução
2. Dança do galo e das galinhas
3. Lise e a fita (Pas de Ruban)
4. Colas
4 a. Solo de Colas
5. Colas e Simone
6. Aldeões
7. Simone e Lise
8. Lise e Colas (Pas de Ruban)
9. Garotas da aldeia
10. Thomas e Alain
11.Fora para a Colheita
12. Colas (reafirmação do N. 4)
13. Piquenique
14. Dança da flauta
15. Briga
16. O Pas de deux de Fanny Elssler
17.Simone
17 a. Dança de Tamancos
18. Dança com mastro
19. Tempestade e Finale
2º Ato
20. Overture (abertura)
21. Lise e Simone
22. Fiação
23. Dança do Tamborim
24. Colheitadores
25. Quando estiver casada
26. O retorno de Simone
27. Thomas, Alain e o Notário
28.Consternação e Perdão
29.Pas de deux
30. Final
Anúncio da primeira apresentação na Inglaterra, 1791
A primeira Lise da história: Mme Theodore Dauberval
Pas de Ruban
Dança de Tamancos
Dança de Tamancos
Pas de Ruban
O ballet “La Sylphide” foi revolucionário e determinante para o desenvolvimento posterior da arte do ballet em sua forma de espetáculo. Após a revolução francesa em 1789, o sentimento de que a existência não mais era fácil e harmoniosa na atmosfera anônima e opressiva da revolução industrial, deu-se origem ao pensamento Romântico: a dualidade entre o mundo real e dos sonhos.
La Sylphide foi o primeiro ballet a expressar completamente a filosofia Romântica, onde o herói está prestes a sucumbir dentro do “status quo”, mas desiste de tudo para buscar a verdadeira felicidade. Ele introduz uma visão lírica de um mundo sobrenatural, paralelo à realidade, povoado por seres tão impalpáveis quanto os sonhos. Ao perder o sonho, o herói também perde a sua vida.
O ballet La Sylphide foi coreografado por Filippo Taglioni, especialmente para a sua filha, a legendária Marie Taglioni. O libreto escrito pelo tenor Adolphe Nourrit, que teve a ideia inicial do ballet, foi inspirado no conto de Charles Nodier “Trilby, ou Le lutin d’Argail”. No livro, a história é sobre um duende e a esposa de um pescador, mas para o ballet, os sexos dos protagonistas foram trocados, passando a ser sobre um fazendeiro e uma “fada” — isso daria mais oportunidade de explorar a dança da bailarina.
Com música do compositor francês Jean-Madeleine Schneitzhoeffer, o ballet estreou em 12 de Março de 1832 na Salle Le Poletier da Ópera de Paris. Foi um grande sucesso e Marie Taglioni tornou-se, de imediato, a “divina Taglioni”.
Marie Taglioni em La Sylphide, 1832.
No espetáculo exposto em dois atos, o primeiro retrata a vida mundana em algum lugar da Escócia, enquanto o segundo ato acontece em uma floresta e apresenta seres sobrenaturais. Pela primeira vez, a dança teve mais espaço que a pantomima e os movimentos foram pensados e compostos como forma de transmitir o enredo da história. Também, pela primeira vez, a sapatilha de ponta foi utilizada como forma de transmissão das ideias, parte da composição do personagem. A Sílfide — Taglioni — se apresentou fazendo uso desta técnica do início ao fim do ballet, técnica que mais tarde foi chamada de “dança clássica”.
Para o Segundo Ato, foi desenhado um vestido que descia um pouco mais baixo do joelho, feito de material transparente e de cor branca. Esse figurino, assinado por Eugène Lami, tornou-se o primeiro tutu de ballet, e o ato em si, associado ao tutu, deu origem a uma das marcas do ballet romântico: “les ballets blancs” – ou balés brancos, onde pelo menos um dos atos da obra, ou toda ela, se passa em um mundo inexistente ou ambiente neutro, com os seus personagens vestindo basicamente branco. Em geral, é dançado pelo corps de ballet feminino.
Em 1834, dentre os espectadores de “Le Sylphide” em Paris, estava August Bournonville, coreógrafo e bailarino do Teatro Imperial de Copenhague. Ele se encantou pela obra e dois anos mais tarde, em 1836, resolveu montá-la na Dinamarca. A ideia inicial era remontar a versão original de Taglioni, mas a Ópera de Paris cobrou um preço muito alto pela partitura de Schneitzhoeffer, inviabilizando os planos e empurrando a solução para uma nova versão. É a versão de Bournonville, estreada em 28 de Novembro de 1836, com música de Herman Severin Løvenskiold, que mais conhecemos hoje. Esse espetáculo nunca saiu de cartaz no Royal Danish Ballet.
O coreógrafo francês Pierre Lacotte tentou remontar a versão original de Taglioni, em 1972, para a Ópera de Paris. Como a coreografia original já havia se perdido, ele se baseou em notas, desenhos e explicações arquivadas da época da criação do ballet. A coreografia de Lacotte é no estilo da época, mas completamente nova, o que lhe rendeu algumas críticas como sendo não autêntica.
A versão de Lacotte é a mais dançada pelas companhias brasileiras. Segundo o site do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, a primeira montagem deste ballet no mais importante palco do país foi durante a direção de Emilio Kalil, que foi de 1995 a 1998.
Personagens:
James Ruben: um fazendeiro escocês.
A Sílfide: uma fada, um espírito das florestas nórdicas.
Gurn: amigo de James.
Effie: A noiva de James.
Madge: a feiticeira.
A mãe de Effie.
Enredo:
Ato I – Uma casa de fazenda escocesa.
James, um fazendeiro escocês, irá se casar com uma moça chamada Effie. Na noite de véspera do casamento, James dorme em uma cadeira perto da lareira. Uma Sílfide aparece e dança o seu amor por ele, depois lhe dá um beijo. James acorda e fica encantado pela visão. Ele tenta segurá-la, mas ela voa pela chaminé. Ele acorda o seu amigo Gurn, que diz não ter visto nada, e lembra James que hoje é o dia do seu casamento.
Effie chega com a sua mãe e madrinhas. A bruxa Madge aparece no lugar onde a Sílfide foi vista por último — perto da chaminé. James vai até lá e fica desapontado por não ser a Sílfide. Ele tenta expulsar a bruxa, mas é contido pelos convidados que querem que ela leia a sorte deles. Dentre as previsões, Madge diz a Effie que ela se casará com Gurn, e diz que James ama outra pessoa. O noivo, furioso, expulsa a bruxa de casa.
Enquanto todos se arrumam para o casamento, James fica a sós na sala, quando Sílfide reaparece. Ela confessa o seu amor por ele, que acaba não resistindo, e a beija. Observando escondido à cena, está Gurn, que secretamente ama Effie. Gurn vai atrás de Effie para contar o que ele tinha visto, mas ao retornarem, a Sílfide já tinha desaparecido.
Começa o casamento, Sílfide reaparece, pega a aliança de James e foge para a floresta. James, apaixonado, larga tudo pra trás e corre atrás dela. Effie fica desolada em lágrimas.
Ato II – A floresta encantada.
O Segundo Ato começa com Madge e outras bruxas dançando em volta de um caldeirão onde ingredientes estão sendo jogados. De dentro do caldeirão, Madge tira uma echarpe. James e a Sílfide entram, ela mostra a ele o seu mundo, convidando as outras Sílfides a entreterem James dançando. Todos eles dançam, mas a Sílfide sempre evita as aproximações e os abraços de James. Todas voam para outra parte da floresta.
No mesmo momento, os convidados do casamento de James com Effie procuram por ele na floresta. Gurn acha o chapéu de James, mas Madge diz para ele não contar nada a Effie, e o sugere pedir Effie em casamento. Ele assim o faz e ela aceita.
James encontra Madge, que lhe dá a echarpe dizendo que se ele colocá-la ao redor da Sílfide, as suas asas cairão, fazendo com que ela não possa mais voar. Sílfide entra e permite que James lhe coloque o presente, mas quando isso acontece, as suas asas caem e ela morre nos braços dele. As outras Sílfides levam o seu corpo sem vida embora.
Madge entra e mostra a James o que ele perdeu: ao fundo, pode-se ver as festividades do casamento de Effie e Gurn. Ele sucumbe, caindo no chão. O ballet termina com a Bruxa triunfando sobre o corpo de James. O mal vence.
Fatos curiosos:
Em 1836, o compositor Løvenskiold tinha apenas 21 anos. Marie Taglioni tinha 28.
O momento em que Gurn encontra o chapéu de James, e Madge diz para ele pedir Effie em casamento, foi introduzido por Bournonville.
O elenco original na versão de Talgioni foi Marie Taglioni e Joseph Mazilier. Na versão de Bournonville: Lucile Grahn e o próprio August Bournonville.
Em 1892, Marius Petipa remontou a versão de Taglioni no Teatro Imperial em São Petersburgo, adicionando música de Riccardo Drigo. A variação composta por Drigo para a bailarina Varvara Nikitina, que interpretava o papel de Sílfide, foi depois, em 1904, colocada por Ana Pavlova no Grand Pas Classique do ballet Paquita. É hoje a variação dançada pela bailarina líder. (Segundo o site em inglês da Wikipedia)
Na versão de Johan Kubborg, feita para o Royal Ballet de Londres em 2005, Madge, no final, levanta um pouco a sua saia mostrando parte de um tutu, sugerindo que ela mesma era uma Sílfide caída.
O ballet La Sylphide é constantemente confundido com o ballet “Les Sylphides”. Les Sylphides também é um ballet blanc, coreografado por Mikhail Fokin com música de Frédéric Chopin, orquestrada em 1892 por Alexander Glazunov. A suíte foi intitulada “Chopiniana Op. 46”, título pelo qual o ballet “Les Sylphides” também ficou conhecido. Na Rússia, inclusive, ele é muito mais conhecido como Chopiniana.
A ordem do ballet na partitura de Severin Løvenskiold:
Ato I
- Overture (abertura)
- Introdução
- A entrada de Effie
- James – Effie – Madge. Cena da leitura da sorte
- James e a Sílfide – Cena da Janela
- Chegada dos convidados – Pas d’Ecossaise
- Pas de Deux – Reel
- Finale
Ato II
- Cena da Bruxa
- James e Sílfide – Cena da Floresta
- A Sílfide chama pelas outras Sílfides
- A cena das Sílfides – Divertissement
- James perseguindo a Sílfide
- Gurn – a bruxa – Effie
- James e a bruxa – a echarpe
- Finale
- Finale: Pas de Deux
Leonid Sarafanov e Evgenia Obraztsova. Foto: Natasha Razina
Emma-Jane Maguire e Steven Mcrae
Gudrun Bojesen / Danish National Ballet. Foto: Martin Mydtskov Rønne
Cena da Janela: Jeremy Ransom e Fiona Tonkin / Australian Ballet, 1989
Ballo della Regina / La Sylphide – The Royal Ballet
Natalia Osipova e Viacheslav Lopatin/Bolshoi 2008. Foto: Damir Yusupov
Evgenia Obraztsova e Leonid Sarafanov
La Sylphide / The Royal Danish Ballet, 2004. Foto: Alexandra Tomalonis
Roman Rykine e Erica Cornejo/ Boston Ballet
Versão Pierre Lacotte / Ópera de Paris, 1972:
Versão Bournonville / Royal Danish Ballet, 1988:
Ellen Price, 1903 – Variação inicial:
Inicio 2013 renovado, colorido, inspirado pela minha magnífica experiência com a São Paulo Companhia de Dança durante todo 2012. Sorrio, ao lembrar já com saudades, do trabalho lindo, árduo e sério que juntos fizemos.
Me senti de novo no Zurich Ballet, pela intensidade, variedade e riqueza do que se faz ali, um repertório que já testemunha a grandeza dessa jovem companhia. A SPCD dança Balanchine, Pederneiras, Cranko, Duato, só pra citar alguns poucos. E QUE poucos, não..?! Uma companhia fundada em 2008 e que já tem esse peso só pode merecer todas as atenções, do público e dos responsáveis por mantê-la e estimular cada vez mais seu crescimento
Com a companhia em 2010
Aula para os rapazes
Estive com eles pela primeira vez em 2010 por uma semana como professor convidado, o que se tornou um caso de amor à primeira vista. Foi esse breve período que originou o convite das diretoras Iracity Cardoso e Inês Bogéa pra que eu passasse um ano trabalhando com eles como professor e ensaiador. Assim foi meu 2012 .! Adicionei mais uma alegria à minha carreira, mais um orgulho e uma felicidade, junto aos meus companheiros de trabalho da SPCD.
Ali reencontrei artistas com os quais já havia trabalhado antes, conheci novos talentos e fiz amigos. Trocar minha experiência, orientar esse time de bailarinos de um talento ímpar foi deleite puríssimo. Me ver em cena através deles uma emoção.
Theme and Variations de George Balanchine
Karina Moreira e Joca Antunes ensaiam BACHIANA de Rodrigo Pederneiras
Além de cidades como Belo Horizonte, Goiânia, Porto Alegre e Recife, viajamos por grande parte do interior de São Paulo, uma dezena de cidades no mínimo. Na capital fizemos temporada em 4 teatros e muitas escolas, num excelente programa educativo que está inspirando novos artistas e novas platéias. Ahh, Holanda e Alemanha abriram a turnê 2012, em fevereiro. É exatamente disso que precisa um bailarino, “ todo artista tem de ir aonde o povo está ”. Por isso me senti novamente na Europa, dentro de São Paulo! Com eles tive uma das minhas grandes felicidades na vida, que divido aqui com vocês.
Remontei pra companhia o Grand Pas de Deux de Don Quichotte, um dos maiores clássicos dançados pelo mundo. E numa conversa com Inês Bogéa (que assumiu sozinha a direção da companhia a partir de maio) surgiu a idéia de um programa chamado “Dois a Dois”, com minha remontagem de Don Quichotte e o Grand Pas de Deux de O Quebra-Nozes , sugerido por ela. Quem mais senão a mestra Tatiana Leskova para remontar essa linda obra? Convite feito por Inês e aceito por D. Tânia o resto foi história. Trabalhar (mais uma vez) ao lado da mestra Leskova foi muito especial pra mim.
Essa remontagem entrou como parte importante das comemorações dos seus 90 anos, completados em 06/12/2012. Muitas entrevistas em jornais e programas de TV, lançamento de livro com fotos de sua brilhante carreira pelo mundo e claro, uma linda festa no dia do aniversário. Acompanhei isso tudo, mas sei que é no estúdio, trabalhando duro com os bailarinos que Tatiana Leskova encontra vigor e inspiração. Privilégio todo nosso aprender com essa lenda viva da Dança. E o “Dois a Dois”, um dos a dos que mostra estilos diferentes dentro do ballet clássico, foi sucesso por onde passou! C hapeau pra companhia por isso.
Paula Penachio e Norton Fantinel em Don Quichotte
Luiza Lopes e Diego de Paula em O Quebra-Nozes
Eu e Tatiana Leskova em turnê com a companhia
Agora, feliz de volta ao Rio de Janeiro e à minha casa, o Theatro Municipal, chego com a estranha e boa sensação de que “saí” de casa voltando… Prova de que sou um artista, que meu coração sempre falará muito alto, por vezes gritando mais que a razão, sempre em nome da Arte, claro. Prova de que as oportunidades lindas que tenho na vida fazem de mim o homem/artista que sou, indissolúveis um do outro. Isso no ano em que completo 30 anos de carreira artística profissional (e ininterrupta!) só pode me deixar feliz. Como dizem Chico Buarque e Edu Lobo numa canção escrita pro primeiro espetáculo profissional que fiz na vida, em 1983, “O Grande Circo Místico” , junto ao Ballet Teatro Guaíra:
“ Ir deixando a pele em cada palco
E não olhar pra trás
E nem jamais
Jamais dizer
Adeus…”
Vida longa à São Paulo Companhia de Dança. Eu os amo e essa casa será sempre minha. Juntos sempre. Obrigado Iracity Cardoso e Inês Bogéa por esse magnífico ano. E um carinho especial aos artista bailarinos, meus companheiros de trabalho, os pulmões dessa companhia. A verdadeira razão de tudo isso existir. Feliz continuação pra todos em 2013. Axé!
La Fille Mal Gardée – que pode ser traduzido como “a filha mal criada” — é o ballet mais velho no repertório atual dançado nos teatros. Originalmente ele foi concebido e coreografado por Jean Dauberval, um importante coreógrafo do século XVIII.
Aluno de Noverre, os personagens dos ballets de Dauberval não eram deuses ou heróis, mas sim, representantes das classes mais simples da sociedade. Com suas fraquezas e vícios, condições de vida precárias, sem interesses globais e aspirações, que caíam frequentemente em situações cômicas, os personagens conseguiam sair delas, não através de forças superiores ou com a ajuda de grandes heróis, mas através da sua própria criatividade, alegria, inteligência e astúcia.
Talvez nenhum outro ballet da história tenha passado por tantas mudanças desde a sua primeira estreia, em 1º de Julho de 1789. São vários títulos e músicas até chegarmos às duas versões que mais conhecemos hoje; a de Alexander Gorsky e a de Sir Frederick Ashton .
Conta a história que a inspiração para o enredo veio de uma gravura que Dauberval viu em uma loja de Bordeaux. A gravura reproduzia a pintura do artista Pierre-Antoine Baudouin: Le reprimande/Une jeune fille querellée par sa mère (A reprimenda / Uma jovem brigou com sua mãe). A pintura mostra uma jovem chorando, com as roupas desalinhadas, sendo repreendida por uma mulher mais velha (provavelmente sua mãe) em um celeiro de feno, enquanto seu amante pode ser visto no fundo subindo as escadas.
Le Reprimande de Pierre Antoine Baudouin.
“Le ballet de la Paille”, como foi chamado originalmente, conta a história de Lison (hoje Lise) e Colin (Colas atualmente) e as suas peripécias para convencer a mãe de Lison, a viúva Ragotte (hoje – viúva Simone), a aceitar o romance dos dois.
As versões:
- 1789 – estreia no Grand Theatre de Bordeaux, França.
- 1791 – Primeira apresentação inglesa, no Pantheon Theatre, feita por Dauberval e com o título de La Fille Mal Gardée.
- 1800 – Primeira montagem no Teatro Imperial Bolshoi em Moscou, por Giuseppe Solomoni.
- 1803 – Montado na velha Opera de Paris por Eugéne Hus, o primeiro Colin da versão de Dauberval.
- 1808 – A versão de Hus é levada para Vienna por Jean-Pierre Aumer, apresentado no “Ballett des Imperialen Hoftheater Nächst der Burg”.
- 1818 – Montado no Teatro Imperial de São Petersburgo por Charles Didelot, com o título de Le Pracaution Inutile (como o ballet ainda é chamado na Rússia), com música de Catterino Cavos.
- 1828 – Remontada em Paris. Aumer instruiu o compositor Ferdidand Hérold para adaptar a música original de 1789. Novos temas de óperas de Jan-Paul Egide Martini e Gaetano Donizetti foram adicionados.
- 1828 – Remontada a versão de Aumer no teatro Imperial de São Petersburgo por Jules Perrot, na música de Cesare Pugni.
- 1837 – A bailarina da Opera de Paris Fanny Elssler insiste numa nova adaptação do Grand Pas de deux com suas árias favoritas de “L’Elisis d’Amore” de Donizetti.
- 1864 – Montagem em Berlim por Paul Taglioni no Königliches Opernhaus, com o título “Das Schlecht Bewachte Mädchen” (A filha mal guardada). Uma nova música foi criada pelo compositor residente da opera de Berlim, Peter Ludwig Hertel. O ballet foi um grande sucesso, mantendo-se no repertório por vários anos.
- 1885 – Marius Petipa e Lev Ivanov decidem levar a versão de Taglioni para o Teatro Imperial em São Petersburgo, com o título Le Precaution Inutile, onde Virginia Zucchi vira uma lenda como Lise. O ballet permaneceu no repertório até a Revolução Russa em 1917.
Versões recentes:
Alexander Gorsky montou sua versão, baseada na versão Petipa/Ivanov em Moscou, em 1903.
A mais famosa das versões é, sem dúvida, a de Sir Frederick Ashton, que estreou em 28 de Janeiro de 1960. O compositor e regente da Royal Opera House, John Lanchbery, fez uma nova partitura, baseando-se na música de Hérold, com passagens da música original de 1789, um número da partitura de Hertel (que é utilizada na Dança com Tamancos), utilizou o Pas de Deux de Fanny Elssler e, por fim, compôs alguns novos números. Mais de 22 companhias de dança no mundo, incluindo o Bolshoi e a Opera de Paris, mantém no seu repertório a versão de Ashton de “La Fille Mal Gardée”.
A primeira apresentação de La Fille Mal Gardée no Brasil aconteceu no Teatro Municipal do Rio de Janeiro no dia 24 de Julho de 1928, com a Companhia de Dança de Anna Pavlova.
Personagens:
Lise/Lisa – a filha mal guardada.
Colas/Colin – o amado de Lise.
Viúva Simone – a mãe de Lise, tradicionalmente dançada por um homem.
Alain – o pretendente rico de Lise.
Thomas – O pai de Alain.
O Notário da aldeia.
Enredo: Lise e Colas se amam e querem casar, mas a viúva Simone quer que a sua filha se case com o jovem rico Alain, filho de Thomas. Thomas e a viúva combinam o casamento dos seus filhos. Thomas e Alain levam a viúva Simone e Lise para um piquenique no campo. Os trabalhadores rurais dançam ao redor de um mastro com fitas, e as garotas dançam de tamancos com a viúva Simone. Começa uma tempestade, todos se dispersam e Alain é carregado pela força do vento em seu guarda-chuva aberto.
Mãe e filha retornam pra casa. A viúva quer que Lise sente-se no tear para tecer, mas a moça prefere tecer enquanto dança, quase enforcando a mãe. Após um tempo a mãe pede para Lise dançar, pegando um tamborim para tocar. Quando a viúva está dormindo Lise tenta pegar a chave no seu bolso, mas não consegue. Os trabalhadores trazem a colheita e então a viúva sai de casa, deixando a filha trancada. Lise pensa em Colas e sonha estar casada com ele, com vários filhos — a famosa cena mímica “When I am married” (quando eu estiver casada). Colas salta de trás da pilha de trigo e os dois trocam lenços como um símbolo do seu amor. Passos pesados anunciam o retorno da viúva Simone e Lise esconde Colas em seu quarto, retornando logo após para as suas tarefas. A viúva Simone ordena a filha a subir e colocar o seu vestido de noiva, já que Thomas e Alain estavam a caminho. Lise está cheia de medo, mas sua mãe a leva para o quarto e a tranca dentro.
Thomas e Alain chegam com o Notário. Eles assinam o contrato nupcial e a viúva dá a chave do quarto de Lise para Alain ir busca-la. Lá ele vê Lise, vestida de noiva, com Colas. Com raiva, pai, filho e o notário vão embora. Colas e Lise imploram à viúva Simone que considere um noivado entre os dois, ela acaba concordando e todos celebram. Todos vão saindo, a casa vai ficando vazia e calma, até que Alain retorna para buscar o seu guarda-chuva, que ele esqueceu.
Fatos curiosos:
Uma das características da versão de Ivanov era o uso de galinhas de verdade. Em uma noite em que Olga Preobrajenskaya dançava o papel de Lise, dizem que sua rival na época, Mathilde Kschessinkaya, soltou todas as galinhas no palco durante a variação dela. Muitas das galinhas caíram no fosso da orquestra, no colo dos músicos, mas Preobrajenskaya continuou dançando, como se nada tivesse acontecido.
La Fille Mal Gardée é tradicionalmente dançado em 2 atos, mas devida à complicada troca de cenários, às vezes ele é apresentado em três atos.
A cena mímica “when I am married” (quando estiver casada), cuja criação é atribuída a Petipa, foi ensinada a Ashton por Tamara Karsavina, que aprendeu com o seu professor Pavel Gerdt, que dançou como Colas com as melhores bailarinas da sua época, incluindo Virginia Zucchi.
Virginia Zucchi na versão de Petipa/Ivanov, 1885
Dança do Galo e das Galinhas
A ordem do Ballet segundo a partitura de 1960 de Lanchbery:
1º Ato
1.Introdução
2. Dança do galo e das galinhas
3. Lise e a fita (Pas de Ruban)
4. Colas
4 a. Solo de Colas
5. Colas e Simone
6. Aldeões
7. Simone e Lise
8. Lise e Colas (Pas de Ruban)
9. Garotas da aldeia
10. Thomas e Alain
11.Fora para a Colheita
12. Colas (reafirmação do N. 4)
13. Piquenique
14. Dança da flauta
15. Briga
16. O Pas de deux de Fanny Elssler
17.Simone
17 a. Dança de Tamancos
18. Dança com mastro
19. Tempestade e Finale
2º Ato
20. Overture (abertura)
21. Lise e Simone
22. Fiação
23. Dança do Tamborim
24. Colheitadores
25. Quando estiver casada
26. O retorno de Simone
27. Thomas, Alain e o Notário
28.Consternação e Perdão
29.Pas de deux
30. Final
Anúncio da primeira apresentação na Inglaterra, 1791
A primeira Lise da história: Mme Theodore Dauberval
Pas de Ruban
Dança de Tamancos
Dança de Tamancos
Pas de Ruban
Dança do Galo e das Galinhas
O ballet “La Sylphide” foi revolucionário e determinante para o desenvolvimento posterior da arte do ballet em sua forma de espetáculo. Após a revolução francesa em 1789, o sentimento de que a existência não mais era fácil e harmoniosa na atmosfera anônima e opressiva da revolução industrial, deu-se origem ao pensamento Romântico: a dualidade entre o mundo real e dos sonhos.
La Sylphide foi o primeiro ballet a expressar completamente a filosofia Romântica, onde o herói está prestes a sucumbir dentro do “status quo”, mas desiste de tudo para buscar a verdadeira felicidade. Ele introduz uma visão lírica de um mundo sobrenatural, paralelo à realidade, povoado por seres tão impalpáveis quanto os sonhos. Ao perder o sonho, o herói também perde a sua vida.
O ballet La Sylphide foi coreografado por Filippo Taglioni, especialmente para a sua filha, a legendária Marie Taglioni. O libreto escrito pelo tenor Adolphe Nourrit, que teve a ideia inicial do ballet, foi inspirado no conto de Charles Nodier “Trilby, ou Le lutin d’Argail”. No livro, a história é sobre um duende e a esposa de um pescador, mas para o ballet, os sexos dos protagonistas foram trocados, passando a ser sobre um fazendeiro e uma “fada” — isso daria mais oportunidade de explorar a dança da bailarina.
Com música do compositor francês Jean-Madeleine Schneitzhoeffer, o ballet estreou em 12 de Março de 1832 na Salle Le Poletier da Ópera de Paris. Foi um grande sucesso e Marie Taglioni tornou-se, de imediato, a “divina Taglioni”.
Marie Taglioni em La Sylphide, 1832.
No espetáculo exposto em dois atos, o primeiro retrata a vida mundana em algum lugar da Escócia, enquanto o segundo ato acontece em uma floresta e apresenta seres sobrenaturais. Pela primeira vez, a dança teve mais espaço que a pantomima e os movimentos foram pensados e compostos como forma de transmitir o enredo da história. Também, pela primeira vez, a sapatilha de ponta foi utilizada como forma de transmissão das ideias, parte da composição do personagem. A Sílfide — Taglioni — se apresentou fazendo uso desta técnica do início ao fim do ballet, técnica que mais tarde foi chamada de “dança clássica”.
Para o Segundo Ato, foi desenhado um vestido que descia um pouco mais baixo do joelho, feito de material transparente e de cor branca. Esse figurino, assinado por Eugène Lami, tornou-se o primeiro tutu de ballet, e o ato em si, associado ao tutu, deu origem a uma das marcas do ballet romântico: “les ballets blancs” – ou balés brancos, onde pelo menos um dos atos da obra, ou toda ela, se passa em um mundo inexistente ou ambiente neutro, com os seus personagens vestindo basicamente branco. Em geral, é dançado pelo corps de ballet feminino.
Em 1834, dentre os espectadores de “Le Sylphide” em Paris, estava August Bournonville, coreógrafo e bailarino do Teatro Imperial de Copenhague. Ele se encantou pela obra e dois anos mais tarde, em 1836, resolveu montá-la na Dinamarca. A ideia inicial era remontar a versão original de Taglioni, mas a Ópera de Paris cobrou um preço muito alto pela partitura de Schneitzhoeffer, inviabilizando os planos e empurrando a solução para uma nova versão. É a versão de Bournonville, estreada em 28 de Novembro de 1836, com música de Herman Severin Løvenskiold, que mais conhecemos hoje. Esse espetáculo nunca saiu de cartaz no Royal Danish Ballet.
O coreógrafo francês Pierre Lacotte tentou remontar a versão original de Taglioni, em 1972, para a Ópera de Paris. Como a coreografia original já havia se perdido, ele se baseou em notas, desenhos e explicações arquivadas da época da criação do ballet. A coreografia de Lacotte é no estilo da época, mas completamente nova, o que lhe rendeu algumas críticas como sendo não autêntica.
A versão de Lacotte é a mais dançada pelas companhias brasileiras. Segundo o site do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, a primeira montagem deste ballet no mais importante palco do país foi durante a direção de Emilio Kalil, que foi de 1995 a 1998.
Personagens:
James Ruben: um fazendeiro escocês.
A Sílfide: uma fada, um espírito das florestas nórdicas.
Gurn: amigo de James.
Effie: A noiva de James.
Madge: a feiticeira.
A mãe de Effie.
Enredo:
Ato I – Uma casa de fazenda escocesa.
James, um fazendeiro escocês, irá se casar com uma moça chamada Effie. Na noite de véspera do casamento, James dorme em uma cadeira perto da lareira. Uma Sílfide aparece e dança o seu amor por ele, depois lhe dá um beijo. James acorda e fica encantado pela visão. Ele tenta segurá-la, mas ela voa pela chaminé. Ele acorda o seu amigo Gurn, que diz não ter visto nada, e lembra James que hoje é o dia do seu casamento.
Effie chega com a sua mãe e madrinhas. A bruxa Madge aparece no lugar onde a Sílfide foi vista por último — perto da chaminé. James vai até lá e fica desapontado por não ser a Sílfide. Ele tenta expulsar a bruxa, mas é contido pelos convidados que querem que ela leia a sorte deles. Dentre as previsões, Madge diz a Effie que ela se casará com Gurn, e diz que James ama outra pessoa. O noivo, furioso, expulsa a bruxa de casa.
Enquanto todos se arrumam para o casamento, James fica a sós na sala, quando Sílfide reaparece. Ela confessa o seu amor por ele, que acaba não resistindo, e a beija. Observando escondido à cena, está Gurn, que secretamente ama Effie. Gurn vai atrás de Effie para contar o que ele tinha visto, mas ao retornarem, a Sílfide já tinha desaparecido.
Começa o casamento, Sílfide reaparece, pega a aliança de James e foge para a floresta. James, apaixonado, larga tudo pra trás e corre atrás dela. Effie fica desolada em lágrimas.
Ato II – A floresta encantada.
O Segundo Ato começa com Madge e outras bruxas dançando em volta de um caldeirão onde ingredientes estão sendo jogados. De dentro do caldeirão, Madge tira uma echarpe. James e a Sílfide entram, ela mostra a ele o seu mundo, convidando as outras Sílfides a entreterem James dançando. Todos eles dançam, mas a Sílfide sempre evita as aproximações e os abraços de James. Todas voam para outra parte da floresta.
No mesmo momento, os convidados do casamento de James com Effie procuram por ele na floresta. Gurn acha o chapéu de James, mas Madge diz para ele não contar nada a Effie, e o sugere pedir Effie em casamento. Ele assim o faz e ela aceita.
James encontra Madge, que lhe dá a echarpe dizendo que se ele colocá-la ao redor da Sílfide, as suas asas cairão, fazendo com que ela não possa mais voar. Sílfide entra e permite que James lhe coloque o presente, mas quando isso acontece, as suas asas caem e ela morre nos braços dele. As outras Sílfides levam o seu corpo sem vida embora.
Madge entra e mostra a James o que ele perdeu: ao fundo, pode-se ver as festividades do casamento de Effie e Gurn. Ele sucumbe, caindo no chão. O ballet termina com a Bruxa triunfando sobre o corpo de James. O mal vence.
Fatos curiosos:
Em 1836, o compositor Løvenskiold tinha apenas 21 anos. Marie Taglioni tinha 28.
O momento em que Gurn encontra o chapéu de James, e Madge diz para ele pedir Effie em casamento, foi introduzido por Bournonville.
O elenco original na versão de Talgioni foi Marie Taglioni e Joseph Mazilier. Na versão de Bournonville: Lucile Grahn e o próprio August Bournonville.
Em 1892, Marius Petipa remontou a versão de Taglioni no Teatro Imperial em São Petersburgo, adicionando música de Riccardo Drigo. A variação composta por Drigo para a bailarina Varvara Nikitina, que interpretava o papel de Sílfide, foi depois, em 1904, colocada por Ana Pavlova no Grand Pas Classique do ballet Paquita. É hoje a variação dançada pela bailarina líder. (Segundo o site em inglês da Wikipedia)
Na versão de Johan Kubborg, feita para o Royal Ballet de Londres em 2005, Madge, no final, levanta um pouco a sua saia mostrando parte de um tutu, sugerindo que ela mesma era uma Sílfide caída.
O ballet La Sylphide é constantemente confundido com o ballet “Les Sylphides”. Les Sylphides também é um ballet blanc, coreografado por Mikhail Fokin com música de Frédéric Chopin, orquestrada em 1892 por Alexander Glazunov. A suíte foi intitulada “Chopiniana Op. 46”, título pelo qual o ballet “Les Sylphides” também ficou conhecido. Na Rússia, inclusive, ele é muito mais conhecido como Chopiniana.
A ordem do ballet na partitura de Severin Løvenskiold:
Ato I
- Overture (abertura)
- Introdução
- A entrada de Effie
- James – Effie – Madge. Cena da leitura da sorte
- James e a Sílfide – Cena da Janela
- Chegada dos convidados – Pas d’Ecossaise
- Pas de Deux – Reel
- Finale
Ato II
- Cena da Bruxa
- James e Sílfide – Cena da Floresta
- A Sílfide chama pelas outras Sílfides
- A cena das Sílfides – Divertissement
- James perseguindo a Sílfide
- Gurn – a bruxa – Effie
- James e a bruxa – a echarpe
- Finale
- Finale: Pas de Deux
Leonid Sarafanov e Evgenia Obraztsova. Foto: Natasha Razina
Emma-Jane Maguire e Steven Mcrae
Gudrun Bojesen / Danish National Ballet. Foto: Martin Mydtskov Rønne
Cena da Janela: Jeremy Ransom e Fiona Tonkin / Australian Ballet, 1989
Ballo della Regina / La Sylphide – The Royal Ballet
Natalia Osipova e Viacheslav Lopatin/Bolshoi 2008. Foto: Damir Yusupov
Evgenia Obraztsova e Leonid Sarafanov
La Sylphide / The Royal Danish Ballet, 2004. Foto: Alexandra Tomalonis
Roman Rykine e Erica Cornejo/ Boston Ballet
Versão Pierre Lacotte / Ópera de Paris, 1972:
Versão Bournonville / Royal Danish Ballet, 1988:
Ellen Price, 1903 – Variação inicial:
Inicio 2013 renovado, colorido, inspirado pela minha magnífica experiência com a São Paulo Companhia de Dança durante todo 2012. Sorrio, ao lembrar já com saudades, do trabalho lindo, árduo e sério que juntos fizemos.
Me senti de novo no Zurich Ballet, pela intensidade, variedade e riqueza do que se faz ali, um repertório que já testemunha a grandeza dessa jovem companhia. A SPCD dança Balanchine, Pederneiras, Cranko, Duato, só pra citar alguns poucos. E QUE poucos, não..?! Uma companhia fundada em 2008 e que já tem esse peso só pode merecer todas as atenções, do público e dos responsáveis por mantê-la e estimular cada vez mais seu crescimento
Com a companhia em 2010
Aula para os rapazes
Estive com eles pela primeira vez em 2010 por uma semana como professor convidado, o que se tornou um caso de amor à primeira vista. Foi esse breve período que originou o convite das diretoras Iracity Cardoso e Inês Bogéa pra que eu passasse um ano trabalhando com eles como professor e ensaiador. Assim foi meu 2012 .! Adicionei mais uma alegria à minha carreira, mais um orgulho e uma felicidade, junto aos meus companheiros de trabalho da SPCD.
Ali reencontrei artistas com os quais já havia trabalhado antes, conheci novos talentos e fiz amigos. Trocar minha experiência, orientar esse time de bailarinos de um talento ímpar foi deleite puríssimo. Me ver em cena através deles uma emoção.
Theme and Variations de George Balanchine
Karina Moreira e Joca Antunes ensaiam BACHIANA de Rodrigo Pederneiras
Além de cidades como Belo Horizonte, Goiânia, Porto Alegre e Recife, viajamos por grande parte do interior de São Paulo, uma dezena de cidades no mínimo. Na capital fizemos temporada em 4 teatros e muitas escolas, num excelente programa educativo que está inspirando novos artistas e novas platéias. Ahh, Holanda e Alemanha abriram a turnê 2012, em fevereiro. É exatamente disso que precisa um bailarino, “ todo artista tem de ir aonde o povo está ”. Por isso me senti novamente na Europa, dentro de São Paulo! Com eles tive uma das minhas grandes felicidades na vida, que divido aqui com vocês.
Remontei pra companhia o Grand Pas de Deux de Don Quichotte, um dos maiores clássicos dançados pelo mundo. E numa conversa com Inês Bogéa (que assumiu sozinha a direção da companhia a partir de maio) surgiu a idéia de um programa chamado “Dois a Dois”, com minha remontagem de Don Quichotte e o Grand Pas de Deux de O Quebra-Nozes , sugerido por ela. Quem mais senão a mestra Tatiana Leskova para remontar essa linda obra? Convite feito por Inês e aceito por D. Tânia o resto foi história. Trabalhar (mais uma vez) ao lado da mestra Leskova foi muito especial pra mim.
Essa remontagem entrou como parte importante das comemorações dos seus 90 anos, completados em 06/12/2012. Muitas entrevistas em jornais e programas de TV, lançamento de livro com fotos de sua brilhante carreira pelo mundo e claro, uma linda festa no dia do aniversário. Acompanhei isso tudo, mas sei que é no estúdio, trabalhando duro com os bailarinos que Tatiana Leskova encontra vigor e inspiração. Privilégio todo nosso aprender com essa lenda viva da Dança. E o “Dois a Dois”, um dos a dos que mostra estilos diferentes dentro do ballet clássico, foi sucesso por onde passou! C hapeau pra companhia por isso.
Paula Penachio e Norton Fantinel em Don Quichotte
Luiza Lopes e Diego de Paula em O Quebra-Nozes
Eu e Tatiana Leskova em turnê com a companhia
Agora, feliz de volta ao Rio de Janeiro e à minha casa, o Theatro Municipal, chego com a estranha e boa sensação de que “saí” de casa voltando… Prova de que sou um artista, que meu coração sempre falará muito alto, por vezes gritando mais que a razão, sempre em nome da Arte, claro. Prova de que as oportunidades lindas que tenho na vida fazem de mim o homem/artista que sou, indissolúveis um do outro. Isso no ano em que completo 30 anos de carreira artística profissional (e ininterrupta!) só pode me deixar feliz. Como dizem Chico Buarque e Edu Lobo numa canção escrita pro primeiro espetáculo profissional que fiz na vida, em 1983, “O Grande Circo Místico” , junto ao Ballet Teatro Guaíra:
“ Ir deixando a pele em cada palco
E não olhar pra trás
E nem jamais
Jamais dizer
Adeus…”
Vida longa à São Paulo Companhia de Dança. Eu os amo e essa casa será sempre minha. Juntos sempre. Obrigado Iracity Cardoso e Inês Bogéa por esse magnífico ano. E um carinho especial aos artista bailarinos, meus companheiros de trabalho, os pulmões dessa companhia. A verdadeira razão de tudo isso existir. Feliz continuação pra todos em 2013. Axé!
La Fille Mal Gardée – que pode ser traduzido como “a filha mal criada” — é o ballet mais velho no repertório atual dançado nos teatros. Originalmente ele foi concebido e coreografado por Jean Dauberval, um importante coreógrafo do século XVIII.
Aluno de Noverre, os personagens dos ballets de Dauberval não eram deuses ou heróis, mas sim, representantes das classes mais simples da sociedade. Com suas fraquezas e vícios, condições de vida precárias, sem interesses globais e aspirações, que caíam frequentemente em situações cômicas, os personagens conseguiam sair delas, não através de forças superiores ou com a ajuda de grandes heróis, mas através da sua própria criatividade, alegria, inteligência e astúcia.
Talvez nenhum outro ballet da história tenha passado por tantas mudanças desde a sua primeira estreia, em 1º de Julho de 1789. São vários títulos e músicas até chegarmos às duas versões que mais conhecemos hoje; a de Alexander Gorsky e a de Sir Frederick Ashton .
Conta a história que a inspiração para o enredo veio de uma gravura que Dauberval viu em uma loja de Bordeaux. A gravura reproduzia a pintura do artista Pierre-Antoine Baudouin: Le reprimande/Une jeune fille querellée par sa mère (A reprimenda / Uma jovem brigou com sua mãe). A pintura mostra uma jovem chorando, com as roupas desalinhadas, sendo repreendida por uma mulher mais velha (provavelmente sua mãe) em um celeiro de feno, enquanto seu amante pode ser visto no fundo subindo as escadas.
Le Reprimande de Pierre Antoine Baudouin.
“Le ballet de la Paille”, como foi chamado originalmente, conta a história de Lison (hoje Lise) e Colin (Colas atualmente) e as suas peripécias para convencer a mãe de Lison, a viúva Ragotte (hoje – viúva Simone), a aceitar o romance dos dois.
As versões:
- 1789 – estreia no Grand Theatre de Bordeaux, França.
- 1791 – Primeira apresentação inglesa, no Pantheon Theatre, feita por Dauberval e com o título de La Fille Mal Gardée.
- 1800 – Primeira montagem no Teatro Imperial Bolshoi em Moscou, por Giuseppe Solomoni.
- 1803 – Montado na velha Opera de Paris por Eugéne Hus, o primeiro Colin da versão de Dauberval.
- 1808 – A versão de Hus é levada para Vienna por Jean-Pierre Aumer, apresentado no “Ballett des Imperialen Hoftheater Nächst der Burg”.
- 1818 – Montado no Teatro Imperial de São Petersburgo por Charles Didelot, com o título de Le Pracaution Inutile (como o ballet ainda é chamado na Rússia), com música de Catterino Cavos.
- 1828 – Remontada em Paris. Aumer instruiu o compositor Ferdidand Hérold para adaptar a música original de 1789. Novos temas de óperas de Jan-Paul Egide Martini e Gaetano Donizetti foram adicionados.
- 1828 – Remontada a versão de Aumer no teatro Imperial de São Petersburgo por Jules Perrot, na música de Cesare Pugni.
- 1837 – A bailarina da Opera de Paris Fanny Elssler insiste numa nova adaptação do Grand Pas de deux com suas árias favoritas de “L’Elisis d’Amore” de Donizetti.
- 1864 – Montagem em Berlim por Paul Taglioni no Königliches Opernhaus, com o título “Das Schlecht Bewachte Mädchen” (A filha mal guardada). Uma nova música foi criada pelo compositor residente da opera de Berlim, Peter Ludwig Hertel. O ballet foi um grande sucesso, mantendo-se no repertório por vários anos.
- 1885 – Marius Petipa e Lev Ivanov decidem levar a versão de Taglioni para o Teatro Imperial em São Petersburgo, com o título Le Precaution Inutile, onde Virginia Zucchi vira uma lenda como Lise. O ballet permaneceu no repertório até a Revolução Russa em 1917.
Versões recentes:
Alexander Gorsky montou sua versão, baseada na versão Petipa/Ivanov em Moscou, em 1903.
A mais famosa das versões é, sem dúvida, a de Sir Frederick Ashton, que estreou em 28 de Janeiro de 1960. O compositor e regente da Royal Opera House, John Lanchbery, fez uma nova partitura, baseando-se na música de Hérold, com passagens da música original de 1789, um número da partitura de Hertel (que é utilizada na Dança com Tamancos), utilizou o Pas de Deux de Fanny Elssler e, por fim, compôs alguns novos números. Mais de 22 companhias de dança no mundo, incluindo o Bolshoi e a Opera de Paris, mantém no seu repertório a versão de Ashton de “La Fille Mal Gardée”.
A primeira apresentação de La Fille Mal Gardée no Brasil aconteceu no Teatro Municipal do Rio de Janeiro no dia 24 de Julho de 1928, com a Companhia de Dança de Anna Pavlova.
Personagens:
Lise/Lisa – a filha mal guardada.
Colas/Colin – o amado de Lise.
Viúva Simone – a mãe de Lise, tradicionalmente dançada por um homem.
Alain – o pretendente rico de Lise.
Thomas – O pai de Alain.
O Notário da aldeia.
Enredo: Lise e Colas se amam e querem casar, mas a viúva Simone quer que a sua filha se case com o jovem rico Alain, filho de Thomas. Thomas e a viúva combinam o casamento dos seus filhos. Thomas e Alain levam a viúva Simone e Lise para um piquenique no campo. Os trabalhadores rurais dançam ao redor de um mastro com fitas, e as garotas dançam de tamancos com a viúva Simone. Começa uma tempestade, todos se dispersam e Alain é carregado pela força do vento em seu guarda-chuva aberto.
Mãe e filha retornam pra casa. A viúva quer que Lise sente-se no tear para tecer, mas a moça prefere tecer enquanto dança, quase enforcando a mãe. Após um tempo a mãe pede para Lise dançar, pegando um tamborim para tocar. Quando a viúva está dormindo Lise tenta pegar a chave no seu bolso, mas não consegue. Os trabalhadores trazem a colheita e então a viúva sai de casa, deixando a filha trancada. Lise pensa em Colas e sonha estar casada com ele, com vários filhos — a famosa cena mímica “When I am married” (quando eu estiver casada). Colas salta de trás da pilha de trigo e os dois trocam lenços como um símbolo do seu amor. Passos pesados anunciam o retorno da viúva Simone e Lise esconde Colas em seu quarto, retornando logo após para as suas tarefas. A viúva Simone ordena a filha a subir e colocar o seu vestido de noiva, já que Thomas e Alain estavam a caminho. Lise está cheia de medo, mas sua mãe a leva para o quarto e a tranca dentro.
Thomas e Alain chegam com o Notário. Eles assinam o contrato nupcial e a viúva dá a chave do quarto de Lise para Alain ir busca-la. Lá ele vê Lise, vestida de noiva, com Colas. Com raiva, pai, filho e o notário vão embora. Colas e Lise imploram à viúva Simone que considere um noivado entre os dois, ela acaba concordando e todos celebram. Todos vão saindo, a casa vai ficando vazia e calma, até que Alain retorna para buscar o seu guarda-chuva, que ele esqueceu.
Fatos curiosos:
Uma das características da versão de Ivanov era o uso de galinhas de verdade. Em uma noite em que Olga Preobrajenskaya dançava o papel de Lise, dizem que sua rival na época, Mathilde Kschessinkaya, soltou todas as galinhas no palco durante a variação dela. Muitas das galinhas caíram no fosso da orquestra, no colo dos músicos, mas Preobrajenskaya continuou dançando, como se nada tivesse acontecido.
La Fille Mal Gardée é tradicionalmente dançado em 2 atos, mas devida à complicada troca de cenários, às vezes ele é apresentado em três atos.
A cena mímica “when I am married” (quando estiver casada), cuja criação é atribuída a Petipa, foi ensinada a Ashton por Tamara Karsavina, que aprendeu com o seu professor Pavel Gerdt, que dançou como Colas com as melhores bailarinas da sua época, incluindo Virginia Zucchi.
Virginia Zucchi na versão de Petipa/Ivanov, 1885
Dança do Galo e das Galinhas
A ordem do Ballet segundo a partitura de 1960 de Lanchbery:
1º Ato
1.Introdução
2. Dança do galo e das galinhas
3. Lise e a fita (Pas de Ruban)
4. Colas
4 a. Solo de Colas
5. Colas e Simone
6. Aldeões
7. Simone e Lise
8. Lise e Colas (Pas de Ruban)
9. Garotas da aldeia
10. Thomas e Alain
11.Fora para a Colheita
12. Colas (reafirmação do N. 4)
13. Piquenique
14. Dança da flauta
15. Briga
16. O Pas de deux de Fanny Elssler
17.Simone
17 a. Dança de Tamancos
18. Dança com mastro
19. Tempestade e Finale
2º Ato
20. Overture (abertura)
21. Lise e Simone
22. Fiação
23. Dança do Tamborim
24. Colheitadores
25. Quando estiver casada
26. O retorno de Simone
27. Thomas, Alain e o Notário
28.Consternação e Perdão
29.Pas de deux
30. Final
Anúncio da primeira apresentação na Inglaterra, 1791
A primeira Lise da história: Mme Theodore Dauberval
Pas de Ruban
Dança de Tamancos
Dança de Tamancos
Pas de Ruban
Dança do Galo e das Galinhas
Variação de Lise
Variação masculina