O colágeno pertence ao grupo de proteínas mais abundante em nosso corpo, sendo que sua principal função é impedir a deformação dos tecidos, dando sustentação às células e as mantendo unidas. Ele pode ser encontrado na pele, dentes, ossos, unhas, cabelo, vasos sanguíneos, articulações e músculo.
É sabido que a partir dos 30 anos, o corpo passa a sofrer com uma queda dessa proteína, o que pode ser observado através da perda de elasticidade da pele, alterações nas unhas e cabelos e renovação celular um pouco prejudicada. Com esse quadro, muitas mulheres acabam procurando aumento de colágeno com muitos produtos que estão no mercado, entre eles, as balas de colágeno, não é mesmo?
No entanto, é importante lembrar que este é um processo natural das fases da vida (tem coisa melhor do que ser feliz em todas elas?) e que produtos que demonstram uma grande reversão, devem ser encarados com olhos críticos. Além disso, não existem estudos científicos que comprovem a eficácia dos mesmos!
O nosso corpo consegue produzir o colágeno, desde que nascemos, e para essa produção, o organismo utiliza vários aminoácidos, vitaminas e minerais. Além de toda essa equipe, ainda é preciso que haja NECESSIDADE do corpo para estimular o mesmo a produzir colágeno, ou seja, se tudo estiver em ordem, o colágeno será produzido e o organismo funcionará bem, tendo como resultado uma pele saudável e um metabolismo funcionante.
Fica claro a importância e a prioridade de uma alimentação equilibrada: as principais fontes de colágeno são os alimentos ricos em proteínas de origem animal, e para que este seja produzido pelo organismo, é importante que sua dieta inclua boas fontes de vitaminas e minerais, como vitamina A, C, D, zinco e silício.
O colágeno da bala não terá o efeito desejado, pois pensando que o colágeno é uma proteína (vários aminoácidos ligados), sabemos que para absorvê-lo, teremos que digeri-lo (ou quebrá-lo) em aminoácidos novamente. E quem será absorvido em nosso organismo serão somente eles, os aminoácidos. Eles sim serão utilizados! Mas isso, conseguimos com uma alimentação equilibrada em proteína, concordam? Conseguiremos da mesma forma uma quebra das proteínas e a absorção de aminoácidos para exercerem suas funções.
Em definição, a proteína nunca será absorvida pelo intestino, somente porções menores e, no caso do colágeno, há ainda o agravante da necessidade de uma pré-digestão (através do cozimento para a quebra do mesmo). Portanto, colágeno integral é de pouca digestibilidade e teria uma função maior como fibra alimentar, do que como fonte de aminoácidos.
Além disso, após a absorção dos aminoácidos, se o organismo achar necessário a produção de colágeno, ele deverá ter vitaminas e minerais para a síntese de colágeno, voltando novamente para a importância da alimentação equilibrada!
Para os produtos que oferecem, além do colágeno, as vitaminas e os minerais necessários para sua produção, podemos lembrar do que falamos lá em cima: para produzir o colágeno, nosso organismos precisa da NECESSIDADE do mesmo.
Cada bala tem cerca de 2g de colágeno, e pensando nas recomendações de ingestão de proteínas necessárias ao dia, estas 2g seria quase insignificante. Talvez a pessoa não coma apenas uma bala, é claro! Mas não podemos incentivar o consumo de balas de colágeno como fonte protéica, pois muitos micronutrientes faltariam nesta dieta, os quais constariam com facilidade em uma alimentação balanceada. Alias, como fonte protéica, o colágeno é de baixíssimo valor biológico.
Comparando alguns produtos que apresentam colágeno em sua composição, temos as seguintes informações:
Ou seja, é fácil perceber que com o consumo de uma simples gelatina conseguimos a mesma (ou até mais) quantidade de colágeno e, se formos comparar o valor desses produtos, nem precisamos dizer que a gelatina seria a melhor opção, certo?
Em resumo, queridos (as) bailarinos (as): com uma alimentação adequada, conseguimos todas as ferramentas importantes para a produção do colágeno!
Por: Tânia Rodrigues é nutricionista especialista em Fisiologia do Exercício e Nutrição Esportiva e diretora técnica da RG Nutri – Clínica e Nutrição Esportiva.